O Grande Prêmio do Brasil em 2011 tão esperado, tão aguardado, tão desenhado como uma pintura romântica na cabeça dos fãs da F1 lá no início do ano, talvez sonhando uma disputa fantástica entre Alonso, Vettel e Webber, tal qual Abu Dhabi 2010, se perdeu, perante a realidade, a priori do campeonato em si, de um Vettel genial e seu carro de brinquedo. Por conseguinte a verdade da corrida, em que a Red Bull nada mais foi do que o mesmo ao qual mostrou no resto da temporada: Superior. A corrida emocionante não se houve, o campeonato emocionante não se houve, o esporte emocionante não se há. A tecnologia tão incrivelmente presente em tudo, tem uma presença impertinente na Fórmula 1. Ver o Nelson Piquet e seu carro da Brabham, ver todo o trabalho manual do piloto, aqui em 2011, é obra de arte, é exposição de Monet, é um encontro melancólico com a essência, um cartão postal de um paraíso devastado. Hoje a tecnologia decide. O piloto é coadjuvante, e o investimento protagonista.
Um GP Brasil sem atrativo, mas com um caso sintomático: Rubens Barrichello neste GP talvez tenha dado o seu adeus à F1. Pouco a dizer diante de mais um posicionamento desfavorável. A história diz mais. Um dos maiores pilotos da história no que tange à evolução de um carro. Guiando? Sempre foi competente. Nunca fez abaixo do que poderia. Genial? Jamais! Mesmo assim, um Cartão Postal de um tempo que o imponderável agia. Lembrar de Rubens, é lembrar de um distante Schumacher, é lembrar de Michael Andretti e sua desastrosa adaptação, é lembrar de Senna, de Prost, de Mansell, é lembrar do Super Piquet. Mais que os lendários, é lembrar do charme da categoria. É lembrar dos toques, das fechadas, ultrapassagens naturais, sem turbinho ou asinha, é comemorar a vitória inesperada numa quebra de câmbio – não essa farsa de domingo criada pela Red Bull e por Vettel para dar a vitória a Webber – é entrar em frenesi com uma quebra de motor do rival. Hoje em dia, até o motor é chato. Cartão Postal de um tempo extinto
Rubens Barrichello de 19 temporadas, 11 vitórias, dois vices campeonatos mundiais, de Ferrari, de Jordan, Honda, Stewart, Brawn, Williams. Sim, é sintomático, o Cartão Postal será trocado pelo petróleo de Pastor Maldonado. Trocado, também, pelo patrocínio alemão de Adrian Sutil? Será? E na Renault? Vão acolher o Rubinho? A F1 ainda precisa de Rubens Barrichello. Que aquele aceno na volta da chegada não tenha sido um triste adeus de um grande esportista.
Ainda me lembro daquela vitória na Alemanha em 2000, talvez a mais fantástica que a Fórmula 1 eletrônica já abrigou. Tudo indica que o GP Brasil 2011 foi a última corrida de Rubens na Fórmula 1. Se ele sair mesmo, por um lado é até bom. Essa F1 chata não merece um piloto capaz de largar em 18°, e ainda assim, vencer a corrida com pneus de pista seca na chuva. Que fique com seus Sutil´s, Petrov´s e Maldonados!