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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Rubens Barrichello - O provável adeus de um Cartão Postal


 O Grande Prêmio do Brasil em 2011 tão esperado, tão aguardado, tão desenhado como uma pintura romântica na cabeça dos fãs da F1 lá no início do ano, talvez sonhando uma disputa fantástica entre Alonso, Vettel e Webber, tal qual Abu Dhabi 2010, se perdeu, perante a realidade, a priori do campeonato em si, de um Vettel genial e seu carro de brinquedo. Por conseguinte a verdade da corrida, em que a Red Bull nada mais foi do que o mesmo ao qual mostrou no resto da temporada: Superior. A corrida emocionante não se houve, o campeonato emocionante não se houve, o esporte emocionante não se há. A tecnologia tão incrivelmente presente em tudo, tem uma presença impertinente na Fórmula 1. Ver o Nelson Piquet e seu carro da Brabham, ver todo o trabalho manual do piloto, aqui em 2011, é obra de arte, é exposição de Monet, é um encontro melancólico com a essência, um cartão postal de um paraíso devastado. Hoje a tecnologia decide. O piloto é coadjuvante, e o investimento protagonista.

 Um GP Brasil sem atrativo, mas com um caso sintomático: Rubens Barrichello neste GP talvez tenha dado o seu adeus à F1. Pouco a dizer diante de mais um posicionamento desfavorável. A história diz mais. Um dos maiores pilotos da história no que tange à evolução de um carro. Guiando? Sempre foi competente. Nunca fez abaixo do que poderia. Genial? Jamais! Mesmo assim, um Cartão Postal de um tempo que o imponderável agia. Lembrar de Rubens, é lembrar de um distante Schumacher, é lembrar de Michael Andretti e sua desastrosa adaptação, é lembrar de Senna, de Prost, de Mansell, é lembrar do Super Piquet. Mais que os lendários, é lembrar do charme da categoria. É lembrar dos toques, das fechadas, ultrapassagens naturais, sem turbinho ou asinha, é comemorar a vitória inesperada numa quebra de câmbio – não essa farsa de domingo criada pela Red Bull e por Vettel para dar a vitória a Webber – é entrar em frenesi com uma quebra de motor do rival. Hoje em dia, até o motor é chato. Cartão Postal de um tempo extinto

 Rubens Barrichello de 19 temporadas, 11 vitórias, dois vices campeonatos mundiais, de Ferrari, de Jordan, Honda, Stewart, Brawn, Williams. Sim, é sintomático, o Cartão Postal será trocado pelo petróleo de Pastor Maldonado. Trocado, também, pelo patrocínio alemão de Adrian Sutil? Será? E na Renault? Vão acolher o Rubinho? A F1 ainda precisa de Rubens Barrichello. Que aquele aceno na volta da chegada não tenha sido um triste adeus de um grande esportista.

 Ainda me lembro daquela vitória na Alemanha em 2000, talvez a mais fantástica que a Fórmula 1 eletrônica já abrigou. Tudo indica que o GP Brasil 2011 foi a última corrida de Rubens na Fórmula 1. Se ele sair mesmo, por um lado é até bom. Essa F1 chata não merece um piloto capaz de largar em 18°, e ainda assim, vencer a corrida com pneus de pista seca na chuva. Que fique com seus Sutil´s, Petrov´s e Maldonados!

domingo, 27 de novembro de 2011

Ai ai esse Brasileirão...

Obviamente que eu gostaria de ter vencido. Mais óbvio ainda que eu queria estar na briga pelo título. Mas, já que o Corinthians venceu, melhor pro campeonato que Vasco e Corinthians cheguem a última rodada brigando pelo título contra Flamengo e Palmeiras. Quatro das maiores torcidas do Brasil envolvidas nessa última rodada sensacional.
Fluminense, meu time de coração, e Vasco da Gama, time de parte da minha família que conta com meu carinho, fizeram hoje um jogo épico. O Tricolor fez um primeiro tempo melhor, teve três boas chances com Fred acertando a trave em um chute mascado e Leandro Euzébio e Marquinho perdendo gols que não podem ser desperdiçados dentro da pequena área. O Vasco foi o retrato do seu ídolo Juninho Pernambucano: nervosismo. Juninho, reconhecidamente um jogador extremamente tecnico e disciplinado, mostrou hoje exatamente o contrário, deu uma entrada vergonhosa pelo lado com os pés na altura do joelho do lateral tricolor Carlinhos, mas apesar disso, Élton, também dentro da pequena área e sem goleiro, conseguiu acertar o travessão.

Veio a segunda etapa e com ela veio Bernardo no lugar de Élton, o Vasco passava a jogar sem atacantes e a partida continuava truncada, o Fluminense um pouco mais organizado mas pouco agressivo, enquanto o Vasco não tinha uma referência na frente. Rafael Sóbis recebeu uma bola com açúcar e com afeto do muito esperto Deco mas chutou para fora, frente a frente com Fernando Prass. Pouco depois chegou a notícia que ninguém queria ouvir: Corinthians abria o placar em Florianópolis. E aí Cristóvão resolveu recompor o ataque colocando Alecsandro, eis que o centroavante consegue achar uma cabeçada a queima roupa após blecaute na defesa tricolor que Diego Cavalieri não conseguiu impedir, Vasco 1x0. Abel Braga não demonstrava vontade de modificar o Fluminense, Marquinho seguia em campo mesmo muito nervoso, mas Mariano acha um lançamento primoroso para Fred, o melhor centroavante do Brasil, matar a bola no peito e voleiar, como poucos fariam igual, Fluminense empatava, o Corinthians era campeão.

O jogo continua muito tenso e termina a partida em Florianópolis. A torcida do Corinthians solta o grito de "É Campeão!", jogadores correm para assistir ao fim do clássico carioca. E tem o privilégio de ver o lance que entrou para a história desse clássico. Alecsandro, tão contestado, recebe a bola na direita e enxerga Bernardo entrando livre e cruza. Bernardo, de frente para a bola, acerta uma cabeçada fortíssima e Diego Cavalieri ainda consegue defender, mas a bola sobra no pé de Bernardo: GOL DO VASCO. Aos 45, Vasco da Gama fazia 2x1 e acabava com o título antecipado do Corinthians.

Domingo que vem tudo pode acontecer. Vasco x Flamengo, no Engenhão, Corinthians x Palmeiras, no Pacaembu. Quatro das cinco maiores torcidas, dois dos maiores clássicos do Brasil. Corinthians ou Vasco, quem quer que seja campeão, vai ser merecedor.

A briga pela Libertadores vai ser intensa também: seis clubes brigam por duas vagas. Flamengo é franco-favorito por uma delas, mas pega o Vasco, tudo pode acontecer e o rubro-negro leva desvantagem em número de vitórias, primeiro critério de desempate, contra Coritiba e Internacional, que jogam dois clássicos regionais e podem alcançar o Flamengo. O Internacional enfrenta o Grêmio no Beira-Rio e uma vitória deixa o colorado dependente de um tropeço de Fla ou Coxa, que enfrenta o desesperado Atlético-PR na Arena na Baixada, em um jogo de vida ou morte para os dois. Figueirense, São Paulo e Botafogo também vão disputar clássicos (Avaí, Santos e Fluminense) e correm por fora pela última vaga.

O rebaixamento guardou para a última rodada duas vagas para três times: Cruzeiro, Ceará e Atlético-PR. Cruzeiro enfrenta o Atlético-MG na Arena do Jacaré com sua torcida a favor dependendo só de si. Ceará viaja a Bahia, ali pertinho, precisando vencer o já garantido na Série A 2012 Tricolor de Aço e torcendo por um tropeço do Cruzeiro. E o Atlético-PR recebe o Coritiba, como já adiantamos, onde só importa a vitória, já que mesmo que Cruzeiro e Ceará não tropecem o rebaixamento se concretize, pelo menos eles terão tirado o Coxa da Libertadores.

Enfim, esse campeonato não é o mais emocionante de todos, não é o mais disputado de todos, mas com certeza é o que vai mexer com mais gente nessa última rodada.


De onde nunca deveriam ter saído

 A Série B 2011 acabou! Entre um Duque de Caxias vexatório e um BarceLusa, simplesmente um campeonato equilibradíssimo cheio de alternâncias e possibilidades. Para os amantes do bom futebol e que admiram e torcem para as equipes tradicionais, de massa, nada melhor que a arrancada final do Sport e uma amarelada do Bragantino, nas duas últimas rodadas.

 Inebriada, a Série A recebe 4 clubes com boas histórias para contar ao longo do percurso do nosso futebol: Portuguesa, Náutico, Ponte Preta e Sport. Todos times com relevantes torcidas, jogadores lendários, fatos marcantes. 


 E como não falar da Ponte Preta ao lembrar do título histórico do Corinthians em 1977? Se for falar de Campinas? Cita-se por obrigação a Macaca. E o Pentacampeão pernambucano Sport Recife? Por quantas vezes o Leão da Ilha representou o bairrismo orgulhoso da nação nordestina? Quantas vezes incomodou os gigantes mais explicitados pela mídia? Campeão Nacional por duas vezes. Bita, Elói, Lalá, Nado... quatro letrinhas mágicas, assim como Hexa. Hexa é luxo! Que vos diga o Náutico, o alvirrubro de reconhecido valor a partir da década de 60. E a Portuguesa, segundo time de todo paulistano? Quem não lembra da geração 1996... Clemer, Emerson, Cesar, Oleúde Capitão, Gallo, Zé Roberto, Rodrigo Fabri e Alex Alves. Esqueci de alguém? Provável. Falar de Portuguesa é necessariamente não conseguir lembrar de tudo.

 Substituição no Estagiários do Esporte: Sai o atacante goleador Lúdico, entra o volante caneleiro Série B 2011.

 Vitória poderia ter voltado à Série A pela reta final. Contudo, Apenas uma rodada no g4. Não mereceu! Bragantino, do artilheiro Lincom, fez um segundo turno fantástico, mas os deuses do futebol não quiseram e programaram uma amarelada inesperada do Braga. Boa Esporte mostrou-se insinuante durante todo o campeonato, circundou o G-4 durante o ano, porém, na hora de decidir, o peso da camisa proclamou "Tá cedo ainda". Americana figurou por 70% do campeonato no G4, denotando ir para a Série A pela primeira vez. Que nada! Único lugar que  mereceram chegar foi à Guaratinguetá, cidade a qual voltarão em 2012. Barueri, ABC, Goiás, Guarani, Paraná, Criciúma e São Caetano estiveram na média, bons momentos, outros nem tanto. Icasa e ASA, diferentemente dos outros candidatos ao rebaixamento, perderam na última rodada em casa para Portuguesa e Vitória, respectivamente. O Verdão do Cariri caiu com incríveis 47 pontos, superando as mais audaciosas contas dos matemáticos. Depois de quase conseguir algumas vezes, o Vila Nova finalmente foi rebaixado para Série C. Salgueiro bom é o da Sapucaí. E o Duque fez a pior campanha da história da Segunda divisão nos pontos corridos. Campanha inferior ao América-RN no Brasileirão Série A 2007, quando o Dragão marcou 17 pontos e 3 vitórias. O Duque de Caxias teve 17 pontos e 2 vitórias.

 Aos lugares dos rebaixados, a Série B 2012 recebe o quase Campeão Joinville, podendo perder por dois gols de diferença, em casa. CRB, provável vice-campeão. Ipatinga e América-RN








O findar e o legado do Brasileirão 2011

A edição de número 40 do Campeonato Brasileiro – não estamos polemizando em nada quanto a quem teve título reconhecido antes de 71, antes que comece o alvoroço – chega ao fim em exatos sete dias. No entanto o bolo pode ser cortado antes do parabéns. Isso porque o Corinthians pode garantir o título ainda nesta tarde de 27 de Novembro. O Campeonato mais difícil e mais emocionante de toda a era dos pontos corridos vai fechar as cortinas deixando um legado. Sem demagogia, não falamos assim pra fazer um texto bonitinho de final de campeonato. O que acontece é que o brasileiro de pontos corridos vai findar o ano sem ter o método questionado por especialistas e torcedores pela primeira vez.

A questão era simples, todos atestavam que era justo, mas sem graça, uma coisinha meio insossa. Não, a gente não fez levantamento pra concluir isso, é uma impressão. E de fato, esta já vale. E isso não é a toa, de fato é inegável que esse brasileiro foi o mais envolvente de todos. A quantidade de clubes que entraram e saíram da briga ao longo das rodadas é impressionante. A mídia esportiva que vive de resultado quebrou muito a cara. Os profetas do acontecido toda hora tinham que reajustar suas percepções e projeções porque o time sinistrão da ponta pontuava pouco por 3 rodadas e os demais chegavam. Enfim, campeonato gostoso de acompanhar.

Corinthians, Vasco e Fluminense disputam ainda o título, o último menos que os demais que depende de mais combinação. Mas e daí? Toda hora muda tudo. Parece propaganda da Bradesco Seguros: vai que...


A briga pela Libertadores também anima, assim como a do rebaixamento. Tanto a de cima quanto a de baixo contam com protagonistas inusitados. Figueirense briga pela Libertadores e Cruzeiro para não cair. Ao alvorecer do campeonato qualquer torcedor, se fosse perguntado, jamais colocaria a situação no pé que está; provavelmente, salvante algumas exceções, colocaria o Cruzeiro pela briga da Libertadores e talvez o Figueirense pra não cair. E é por aí mesmo.


Campeonato assanhadinho o de 2011. Quem ganhar vai tirar onda.