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sábado, 28 de julho de 2012

London Calling, act I





Marca aí. 29 de julho, 8 da manhã em Londres, 4 horas no Brasil. Sobe a bola na Basketball Arena (nome mais criativo da história dos Jogos). Nigéria e Tunísia. É, não é dos mais glamurosos o primeiro jogo da Olimpíada, mas de qualquer forma é um jogo bom, equilibrado. Na seqüência, uma história nova começa no basquetebol brasileiro, voltando longos 16 anos depois. Brasil e Austrália, às 11 e 15, horário de Londres, 7 e 15 horário de Brasília. Muitas expectativas e algumas lesões importantes marcam esses Jogos, e a partir de agora eu vou destrinchar cada equipe, separadinha em seus grupos, e com as tabelas, pra ninguém ficar perdido:






Grupo A


Argentina - "Don't Cry For Me, Argentina" - Uma grande e histórica geração que surgiu para o mundo no Mundial de 2002, em Indianápolis, onde foram vice-campeões com 5 dos 12 jogadores que trazem a Londres (Ginobili, Oberto, Scola, Leo Gutierrez e Nocioni). Em 2004, nas mãos do nosso atual técnico Ruben Magnano e com 6 dos atuais convocados (Delfino se juntou ao time), a consagração nas Olimpíadas de Atenas. A medalha de ouro após derrotarem os EUA de Allen Iverson, Tim Duncan e dos jovens LeBron e Carmelo Anthony (convocados para Londres), Dwyane Wade e Amar'e Stoudemire (cortados de Londres por lesão) na semifinal e a Itália na final. Na seqüência, uma pequena renovação e o quarto lugar no Mundial de 2006, seguido pela recuperação de forças e a medalha de bronze em Atenas. Algumas lesões não permitiram um rendimento tão alto no Mundial de 2010, mas em 2012 a Argentina chega com seu time mais forte desde Atenas, entrosado e embalado por vitórias em cima do Brasil no Super Four realizado mês passado e no Pré-Olímpico de Mar Del Plata no ano passado. Um grupo forte e experiente, que se despede das quadras devido à idade avançada da maioria de seus jogadores (8 jogadores com 32 anos ou mais). Um candidato seríssimo à medalha de ouro. Time, na minha opinião, mais entrosado entre os 12. Jogadores com grande capacidade defensiva e de trabalho coletivo (especialmente o Kammerichs), um armador capaz de ditar o ritmo de qualquer partida (Pablo Prigioni), 3 jogadores com altíssimo poder de decisão (Delfino, Ginobili e Scola) e um desejo de encerrar com chave de ouro uma fase que fez o povo argentino esquecer de toda a sua crise econômica e social pra poder apoiar essa equipe, além de presentear seu grande craque Ginobili, que completa 35 anos no dia 28 de julho, véspera da estréia da equipe, contra a Lituânia. Um time que não muito a se dizer a respeito. Grande time, grande favorito. Vale a pena assistir a qualquer jogo deles. Especialmente o grande duelo dessas Olimpíadas, fechando a primeira fase com chave de ouro, contra os Estados Unidos, no dia 6, às 6 e 15 da tarde, hora de Brasília. No primeiro embate, essa semana, 86 a 80 pros americanos num jogo duríssimo. E no dia 6 não deve ser diferente.

4 - Luis Scola - Ala/pivô - 32 anos - 2,04 m - Houston Rockets (NBA)
5 - Emanuel "Manu" Ginobili - Ala/armador - 34 anos - 1,96 m - San Antonio Spurs (NBA)
6 - Marcos Mata - Ala - 25 anos - 1,99 m - Peñarol (Argentina)
7 - Leonardo "Leo" Gutierrez - 34 anos - 2,01 m - Peñarol (Argentina)
8 - Pablo Prigioni - Armador - 35 anos - 1,90 m - Caja Laboral (Espanha) 
9 - Juan Gutierrez - Pivô - 28 anos - 2,04 m - Obras Sanitarias (Argentina)
10 - Carlos Delfino - Ala - 29 anos - 1,98 m - Milwaukee Bucks (NBA)
11 - Facundo Campazzo - Armador - 21 anos - 1,79 m - Peñarol (Argentina)
12 - Martin Leiva - Pivô - 32 anos - 2,10 m - Peñarol (Argentina)
13 - Andres Nocioni - Ala - 32 anos - 2,02 m - Caja Laboral Baskonia (Espanha)
14 - Hernan Jasen - Ala/armador - 34 anos - 1,99 m - Cajasol Sevilla (Espanha)
15 - Federico Kammerichs - 32 anos - Ala/pivô - 2,04 m - Regatas Corrientes (Argentina)


Tabela da primeira fase
29 de julho - vs. Lituânia
31 de julho - vs. França
2 de agosto - vs. Tunísia
4 de agosto - vs. Nigéria
6 de agosto - vs. Estados Unidos


Provável quinteto titular: Prigioni, Ginobili, Delfino, Nocioni e Scola.
Meu palpite: Medalha. Qual delas será, dependerá do desenrolar dos Jogos e de times como Brasil, Espanha e França.





Estados Unidos - "Dream Team 20" - 20 anos depois de a maior equipe de esportes coletivos ter pisado na face da terra, o "Dream Team" de Barcelona-92, surge uma nova geração com uma mescla poderosíssima e que não sentiu o peso das lesões que tiraram Dwight Howard, Amar'e Stoudemire, Dwyane Wade e Blake Griffin dos Jogos, praticamente dizimando o jogo de garrafão americano, que jogará com Tyson Chandler e na reserva Kevin Love e Anthony Davis. Um time que chega com um LeBron James jogando num nível de outro planeta, e agora campeão depois de uma incansável busca. Kevin Durant jogando como um MVP e se tornando um dos maiores arremessadores da história da NBA. Kobe Bryant sem dar sinais de fim de carreira, voando. Russell Westbrook aprendendo a ser um armador clássico e se tornando um força monstruosa. Anthony Davis, vindo da faculdade com a promessa de ser o melhor homem de garrafão da NBA desde Shaquille O'Neal. Kobe disse em uma entrevista que esse time seria capaz de bater o lendário Dream Team de 92. Eu sinceramente duvido, mas não se pode deixar de destacar a força e a vitalidade desse time, que segue em condições para jogar no Rio em 2016 com rigorosamente o mesmo time, com a exceção de Kobe Bryant, que já terá 38 anos e talvez, eu disse TALVEZ, não esteja mais em alto nível para tal. Um time fisicamente monstruoso, que é capaz de roubar bolas e puxar contra-ataques com 3 jogadores em questão de 3, 4 segundos. Uma equipe jogando coletivamente, mas com o senso de individualidade do americano. Todos os seus 12 jogadores tem poder de decisão alto, o que é fundamental numa competição com mata-mata e de poucos jogos. Como sempre, o grande favorito. Derrotou Brasil com dificuldades, Argentina com muitas dificuldades e a Espanha com relativa facilidade, mas isso não deve se repetir em Londres.


4 - Tyson Chandler - Pivô - 29 anos - 2,16 m - New York Knicks (NBA)
5 - Kevin Durant - Ala - 23 anos - 2,06 m - Oklahoma City Thunder (NBA)
6 - LeBron James - Ala - 27 anos - 2,03 m - Miami Heat (NBA)
7 - Russell Westbrook - Armador - 23 anos - 1,91 m - Oklahoma City Thunder (NBA)
8 - Deron Williams - Armador - 28 anos - 1,91 m - Brooklyn Nets (NBA)
9 - Andre Iguodala - Ala - 28 anos - 1,98 m - Philadelphia 76ers (NBA)
10 - Kobe Bryant - Ala/armador - 33 anos - 1,98 m - Los Angeles Lakers (NBA)
11 - Kevin Love - Ala/pivô - 23 anos - 2,08 m - Minnesota Timberwolves (NBA)
12 - James Harden - Ala/armador - 22 anos - 1,96 m - Oklahoma City Thunder (NBA)
13 - Chris Paul - Armador - 27 anos - 1,83 m - Los Angeles Clippers (NBA)
14 - Anthony Davis - Ala/pivô - 19 anos - 2,08 m - New Orleans Hornets (NBA)
15 - Carmelo Anthony - Ala - 28 anos - 2,03 m - New York Knicks (NBA)


Tabela da primeira fase
29 de julho - vs. França
31 de julho - vs. Tunísia
2 de agosto - vs. Nigéria
4 de agosto - vs. Lituânia
6 de agosto - vs. Argentina


Provável quinteto titular: Paul, Bryant, James, Anthony(Durant) e Chandler.
Meu palpite: Ouro. Acho que só Argentina e Espanha, e mesmo assim muito dificilmente, podem emparelhar com esse time.


França - "Allons, enfants de la Patrie" - Uma equipe forte, vice-campeã européia, que vem com seus altos e baixos, perdendo pra fraca seleção anfitriã, mas com jogadores de respeito. Um time que é dependente de Tony Parker, o que pode ser bom e ruim. Mas é um time equilibrado, tem nas infiltrações e chutes de média distância (especialmente do Parker) seu ponto forte ofensivo, e na disposição defensiva da equipe, muito veloz e atlética. Nicolas Batum é uma incógnita, pode ser um grande nome ou um grande apagão nessa Olimpíada. Melhor esperar pra ver. Nando De Colo , Mickael Gelabale e Boris Diaw também aparecem bem cotados no time. Mickael Pietrus e Joakim Noah são dois titularíssimos que não jogarão, causando uma grande perda de força pra esse time. Mesmo assim, temos que considerar como um time que pode incomodar bastante. A vitória sobre o Brasil mostrou que o time tem o poder de crescer e se recuperar, o que é fundamental nos Jogos.



4 -  Kevin Seraphin - Pivô - 22 anos - 2,06 m - Washington Wizards (NBA)
5 - Nicolas Batum - Ala - 23 anos - 2,03 m - Portland Trail Blazers (NBA)
6 - Fabien Causeur - Armador - 25 anos - 1,92 m - Cholet Basket (França)
7 - Yakhouba Diawara - Ala - 29 anos - 2,00 m - Cimbero Varese (Itália)
8 - Ali Traore - Pivô - 27 anos - 2,06 m - PBC Lokomotiv-Kuban (Rússia)
9 - Tony Parker - Armador - 30 anos - 1,86 m - San Antonio Spurs (NBA)
10 - Yannick Bokolo - Armador - 27 anos - 1,91 m - BCM Gravelines Dunkerque (França)
11 - Florent Pietrus - Ala - 31 anos - 2,01 m - Valencia Basquet (Espanha)
12 - Nando De Colo - Armador - 25 anos - 1,95 m - Valencia Basquet (Espanha)
13 - Boris Diaw - Ala - 30 anos - 2,03 m - San Antonio Spurs (NBA)
14 - Ronny Turiaf - Pivô - 29 anos - 2,07 m - Miami Heat (NBA)
15 - Mickael Gelabale - Ala - 29 anos - 2,01 m - Khimki Moscou (RUS)

Tabela da primeira fase
29 de julho - vs. Estados Unidos
31 de julho - vs. Argentina
2 de agosto - vs. Lituânia
4 de agosto - vs. Tunísia
6 de agosto - vs. Nigéria

Provável quinteto titular: Parker, De Colo, Batum, Diaw e Turiaf.
Meu palpite: Passarão da primeira fase e, dependendo do adversário, podem chegar a uma semifinal.

Lituânia - O nome pode não dizer muita coisa. Mas a equipe da Lituânia, pra quem conhece, é uma das mais tradicionais do basquete europeu. Grandes gerações, como a de 2000 a 2004, quarto lugar em Atenas, bronze em Sidney, campeã européia em 2003, ou a atual, medalha de bronze no Mundial de 2010. Tem dois dos melhores armadores da Europa (Martynas Pocius e Sarunas Jasikevicius), um dos destaques do Mundial de 2010, Linas Kleiza, grande estrela do time, e o jovem pivô agora na NBA, Jonas Valanciunas, além do experientíssimo Darius Songaila, que jogou 8 anos na NBA. O sorteio do grupo pode dificultar a vida deles, que além de entrarem no grupo de Argentina, Estados Unidos e França, devem provavelmente cruzar com Espanha, Brasil ou Rússia nas quartas. Mas mesmo assim, um time bem disciplinado, que distribui seu jogo e joga muito bem. Fica de olho neles.





4 - Rimantas Kaukenas - Ala/armador - 35 anos - 1,92 m - Montepaschi Siena (Itália)
5 - Mantas Kalnietis - Armador - 25 anos - 1,96 m - BC Zalgiris Kaunas (Lituânia)
6 - Jonas Maciulis - Ala - 27 anos - 1,98 m - Montepaschi Siena (Itália)
7 - Martynas Pocius - Ala/armador - 26 anos - 1,96 m - Real Madrid Baloncesto (Espanha)
8 - Simas Jasaitis - Ala/armador - 30 anos - 2,01 m - PBC Lokomotiv-Kuban (Rússia)
9 - Darius Songaila - Ala/pivô - 34 anos - 2,06 - CB Valladolid (Espanha)
10 - Renaldas Seibutis - Ala/armador - 26 anos - 1,98 m - BC Lietuvos Rytas (Lituânia)
11 - Linas Kleiza - Ala - 27 anos - 2,03 m - Toronto Raptors (NBA)
12 - Paulius Jankunas - Ala/pivô - 28 anos - 2,06 m - BC Zalgiris Kaunas (Lituânia)
13 - Sarunas Jasikevicius - Armador - 36 anos - 1,93 m - Panathinaikos BC (Grécia)
14 - Jonas Valanciunas - Pivô - 20 anos - 2,11 m - Toronto Raptors (NBA)
15 - Antanas Kavaliauskas - Pivô - 27 anos - 2,09 m - VEF Riga (Letônia)


Tabela da primeira fase
29 de julho - vs. Argentina
31 de julho - vs. Nigéria
2 de agosto - vs. França
4 de agosto - vs. Estados Unidos
6 de agosto - vs. Tunísia


Provável quinteto titular: Kalnietis (Jasikevicius), Pocius, Maciulis, Kleiza e Valanciunas.
Meu palpite: Quartas de final e se alguém der mole, semifinal.


Nigéria - "Os Infiltrados" - Um time que veio do nada e foi ganhando jogos no Pré-Olímpico e de repente estava nas Olimpíadas, à base de muito trabalho e de grandes atuações especialmente de Ike Diogu e Al-Farouq Aminu, que joga na NBA. Esses deverão ser os principais nomes da Nigéria, país de origem de Hakeem Olajuwon, um dos maiores pivôs da história da NBA. É um time desconhecido que aposta num jogo de velocidade. Vamos ver qual é.





4 - Tony Skinn - Armador - 29 anos - 1,91 m - Ironi Ashkelon (Israel)
5 - Ekene Ibekwe - Ala/pivô - 27 anos - 2,11 m - BBC Bayreuth (Alemanha)
6 - Ike Diogu - Pivô - 28 anos - 2,08 m - Capitanes de Arecibo (Porto Rico)
7 - Al-Farouq Aminu - Ala - 21 anos - 2,06 m - New Orleans Hornets (NBA)
8 - Ade Dagunduro - Armador - 26 anos - 1,96 m - Stella Artois Leuven Bears (Bélgica)
9 - Chamberlain Oguchi - Ala/armador - 26 anos - 1,98 m - Panteras de Miranda (Venezuela)
10 - Koko Archibong - Ala - 30 anos - 2,06 m - LTi Giessen 46ers (Alemanha)
11 - Richard Oruche - Ala/armador - 24 anos - 1,93 m - Acadêmica Coimbra (Portugal)
12 - Ejike Ugboaja - Ala/pivô - 27 anos - 2,06 m - Jahesh Tarabar Qom (Irã)
13 - Derrick Obasohan - Ala/armador - 31 anos - 1,98 m - Joventut Badalona (Espanha)
14 - Alade Aminu - Ala/pivô - 24 anos - 2,11 m - Élan Chalon (França)
15 - Olumide Oyedeji - Pivô - 31 anos - 2,11 m - Qingdao Double Star (China)


Tabela da primeira fase
29 de julho - vs. Tunísia
31 de julho - vs. Lituânia
2 de agosto - vs. Estados Unidos
4 de agosto - vs. Argentina
6 de agosto - vs. França


Provável quinteto titular: Skinn, Oguchi, Al-Farouq Aminu, Alade Aminu e Ike Diogu.
Meu palpite: Deve sofrer dentro do grupo, mas com determinação, podem passar às quartas.


Tunísia - Classificada como campeã africana, uma grata surpresa frente às seleções mais tradicionais e bem ranqueadas da África, como Egito e Angola. Disputou seu primeiro Mundial em 2010, sendo a lanterna entre as 24 seleções, após conquistar o bronze no Africano de 2009. Acredito que o panorama pra Londres não seja muito diferente do Mundial. Uma equipe de atletas que jogam em sua maioria na Tunísia. Makrem Ben Romdhane é o destaque individual da equipe.





4 - Radhouane Slimane - Ala - 31 anos - 2,05 m - Al Hilal(Arábia Saudita)
5 - Marouan Laghnej - Armador - 26 anos - 1,92 m - Jeunesse Sportive Kairoua (Tunísia)
6 - Amine Maghrebi - Ala - 27 anos - 1,96 m -  Ezzahra Sports Rades (Tunísia)
7 - Mourad El Mabrouk -  25 anos - 1,85 m - Ezzahra Sports Rades (Tunísia)
8 - Marouan Kechrid - Armador - 31 anos - 1,78 m - Maghreb Fes (Marrocos)
9 - Mohamed Hadidane - Ala/pivô - 26 anos - 2,05 m - Widad Athletic Casablanca (Marrocos)
10 - Atef Maoua - Ala/armador - 31 anos - 1,97 m - Étoile Sportive du Sahel (Tunísia)
11 - Mokhtar Ghyaza - Pivô - 25 anos - 2,04 m - Étoile Sportive Rades (Tunísia)
12 - Makrem Ben Romdhane - Ala/pivô - 23 anos - 2,04 m - Étoile Sportive du Sahel (Tunísia)
13 - Amine Rzig - Ala - 31 anos - 1,98 m - Ahly Du Caire (Egito)
14 - Mehdi Hafsi - Ala - 34 anos - 2,03 m - Essm Le Portel (França)
15 - Salah Mejri - Pivô - 26 anos - 2,17 m - Racing Basketball Antwerp (Bélgica)


Tabela da primeira fase
29 de julho - vs. Nigéria
31 de julho - vs. Estados Unidos
2 de agosto - vs. Argentina
4 de agosto - vs. França
6 de agosto - vs. Lituânia


Provável quinteto titular: Kechrid, Rzig, Slimane, Ben Rhomdane e Mejri.
Meu palpite: Saco de pancada do grupo. Mas é sempre cedo pra dizer.






Minha aposta de classificação do Grupo A


1 - Estados Unidos
2 - Argentina
3 - França
4 - Lituânia
5 - Nigéria
6 - Tunísia




GRUPO B


Austrália - "Mais do mesmo" - Um time que sempre chega e disputa, pela falta de concorrentes na Oceania. Razoável, tem no armador Patrick Mills e no ala Joe Ingles suas grandes estrelas. Pode passar à segunda fase, mas deve ser mesmo uma seleção coajuvante, dando bastante trabalho aos grandes favoritos, mas sem realmente atrapalhar as pretensões deles. A ausência do Andrew Bogut deve ser sentida, mas nada de muito grave.





4 - Peter Crawford - Ala/armador - 32 anos - 1,93 m - Townsville Crocodiles (Austrália)
5 - Patrick Mills - Armador - 23 anos - 1,83 m - San Antonio Spurs (NBA)
6 - Adam Gibson - Armador - 25 anos - 1,88 m - Gold Coast Blaze (Austrália)
7 - Joe Ingles - Ala/armador - 24 anos - 2,03 m - FC Barcelona Regal (Espanha)
8 - Brad Newley - Ala - 27 anos - 2,01 m - Valencia BC (Espanha)
9 - Matthew Dellavedova - Ala/armador - 21 anos - 1,93 m - St. Mary's College (EUA)
10 - David Barlow - Ala - 28 anos - 2,05 m - CB Murcia (Espanha)
11 - Mark Worthington - Ala/pivô - 29 anos - 2,02 m - Gold Coast Blaze (Austrália)
12 - Aron Baynes - Pivô - 25 anos - 2,08 m - Ikaros Kallhiteas BC (Grécia)
13 - David Andersen - Pivô - 32 anos - 2,11 m - Mens Sana Basket (Itália)
14 - Matthew Nielsen - Ala/pivô - 34 anos - 2,08 m - BC Khimki (Rússia)
15 - Aleks Maric - Pivô - 27 anos - 2,11 m - Panathinaikos BC (Grécia)


Tabela da primeira fase
29 de julho - vs. Brasil
31 de julho - vs. Espanha
2 de agosto - vs. China
4 de agosto - vs. Grã-Bretanha
6 de agosto - vs. Rússia


Provável quinteto titular: Mills, Ingles, Barlow, Nielsen e Andersen.
Meu palpite: Parece que não, mas o grupo do Brasil é o mais equilibrado, com mais times em condições de brigar pela terceira e quarta vagas. Mas eu acredito que a Austrália seja a quarta colocada do grupo e pare nas quartas.


BRASIL - "Eu voltei, agora pra ficar". 16 anos depois. Ninguém queria aguentar até o Rio-2016 pra voltar e o Brasil conseguiu vencer lesões, polêmicas e brigas de egos pra chegar de novo, e com força, a uma Olimpíada. Um time mesclado, com seus grandes jogadores já experientes e no momento certo pra conquistar a vaga. Um time capaz de grandes momentos e grandes jogos, como os últimos duelos contra a Argentina, com duas vitórias e duas derrotas, os dois últimos jogos contra os EUA. Mas também capaz de erros e um nervosismo infantil que compromete partidas como as duas contra os EUA, onde o "excesso de sede ao pote" deixou a gente não ganhar o jogo, contra a frieza e confiança dos norte-americanos. Pela primeira vez, um norte-americano naturalizado, Larry Taylor, convocado. Pela primeira vez em quase 20 anos, o Brasil consegue botar o seu melhor em quadra e ser competitivo. Rubén Magnano, técnico argentino campeão em Atenas-2004, devolveu um padrão tático, técnico e uma identidade aos jogadores e a nós mesmos, de querer ver a seleção de basquete jogando. Pode ser só uma preparação para uma equipe forte em 2016, pode ser o início de uma nova fase vitoriosa, pode ser uma medalha e uma despedida digna pro Marcelinho depois de 15 anos de seleção brasileira. Mas a passeio não vamos em Londres. Temos uma equipe com grandes defensores, em especial Alex e Anderson Varejão. Bons arremessadores de perímetro em Guilherme e Marcelinho. Um dos melhores armadores da Europa, Marcelo Huertas, homem de decisão do time. Nenê de volta, dono do garrafão brasileiro. Uma boa expectativa. A maturidade e a tranquilidade podem ser o fator decisivo para a classificação na primeira fase, os duelos contra Rússia e Espanha. E serão muito importantes para as quartas e uma eventual medalha, feito que esse time tem plenas condições de conseguir. Só depende de nós mesmos.





4 - Marcelo "Marcelinho" Machado - Ala - 37 anos - 2,00 m - CR Flamengo (Brasil)
5 - Raul "Raulzinho" Togni Neto - Armador - 20 anos - 1,85 m - Lagun Aro (Espanha)
6 - Caio Torres - Pivô - 25 anos - 2,11 m - CR Flamengo (Brasil)
7 - Larry Taylor - Armador - 31 anos - 1,85 m - Bauru Basketball (Brasil)
8 - Alex Garcia - Ala/armador - 32 anos - 1,91 m - UniCEUB/BRB/Brasília (Brasil)
9 - Marcelo "Marcelinho" Huertas - Armador - 29 anos - 1,91 m - FC Barcelona Regal (Espanha)
10 - Leandro "Leandrinho" Barbosa - Ala/armador - 30 anos - 1,91 m - Indiana Pacers (NBA)
11 - Anderson Varejão - Ala/pivô - 29 anos - 2,11 m - Cleveland Cavaliers (NBA)
12 - Guiherme Giovannoni - Ala - 32 anos - 2,04 m - UniCEUB/BRB/Brasília (Brasil)
13 - Nenê Hilário - Pivô - 29 anos - 2,11 m - Washington Wizards (NBA)
14 - Marcus Vinicius "Marquinhos" de Souza - Ala - 27 anos - 2,08 m - Flamengo (Brasil)
15 - Tiago Splitter - Pivô - 26 anos - 2,11 m - San Antonio Spurs (NBA)


Tabela da primeira fase
29 de julho - vs. Austrália
31 de julho - vs. Grã-Bretanha
2 de agosto - vs. Rússia
4 de agosto - vs. China
6 de agosto - vs. Espanha


Provável quinteto titular: Huertas, Leandrinho, Marquinhos (Alex), Varejão e Nenê.
Meu palpite: Semifinal. Se soubermos controlar os nervos e não nos desligarmos, medalha.


China - A China está de ressaca. Depois de receber uma Olimpíada e dar um certo trabalho, o grande trunfo do país mais populoso do mundo não está mais na seleção: Yao Ming. Sem os 2,29 m do Yao dentro do garrafão e a liderança dele, fazendo todo o time jogar muito melhor e mais motivado, não sobra quase nada. Sobra vontade, sim, sobra a velha disciplina e trabalho duro chineses, mas falta talento. Na Ásia, sobram. Hoje, muito dependente do Yi Jianlian, nada de especial a apresentar. Um time experiente, com 6 remanescentes de Pequim, mas pra mim, um mero coadjuvante.





4 - Ding Jinhui - Ala/pivô - 22 anos - 2,04 m - Zhejiang Golden Bulls (China)
5 - Liu Wei - Armador - 32 anos - 1,90 m - Shangai Sharks (China)
6 - Yi Li - Ala - 24 anos - 2,03 m - Jiangsu Dragons (China)
7 - Wang Shipeng - Ala/armador - 29 anos - 1,98 m - Guangdong Southern Tigers (China)
8 - Zhu Fangyu - Ala - 29 anos - 2,01 m - Guangdong Southern Tigers (China)
9 - Sun Yue - Ala/armador - 26 anos - 2,06 m - Beijing Olympians (China)
10 - Zhang Zhaoxu - Pivô - 24 anos - 2,21 m - Shangai Sharks (China)
11 - Yi Jianlian - Ala/pivô - 24 anos - 2,13 m - Dallas Mavericks (NBA)
12 - Guo Ailun - Armador - 18 anos - 1,92 m - Liaoning Dinosaurs (China)
13 - Chen Jianghua - Armador - 23 anos - 1,88 m - Guangdong Southern Tigers (China)
14 - Wang Zhizhi - Pivô - 33 anos - 2,15 m - Bayi Rockets (China)
15 - Zhou Peng - Ala/pivô - 22 anos - 2,10 m - Guangdong Southern Tigers (China)


Tabela da primeira fase
29 de julho - vs. Espanha
31 de julho - vs. Rússia
2 de agosto - vs. Austrália
4 de agosto - vs. Brasil
6 de agosto - vs. Grã-Bretanha


Provável quinteto titular: Liu Wei, Sun Yue, Zhu Fangyu, Yi Jianlian e Wang Zhizhi.
Meu palpite: Vai entrar só para constar, mas nada de desatenção. Zebras acontecem.


Espanha - "Adelante, La Roja" - Campeões europeus, mundiais em 2006, medalha de prata em Pequim depois de jogar uma final que, a meu ver, foi o maior jogo de basquete de todos os tempos. Seus cinco titulares jogam ou jogaram, e bem, na NBA. Calderón, um autêntico maestro, armador clássico europeu. Juan Carlos Navarro, homem de decisão e estrela do time. Rudy Fernandez, o ala explosivo que pode decidir o jogo em uma jogada de contra-ataque ou uma bola de 3. Pau e Marc Gasol, as torres gêmeas, garantindo rebotes e dominando o jogo no garrafão. E agora Serge Ibaka, o jogador super-atlético que falta à maioria dos times europeus. Defende ferozmente, dá muitos tocos e traz mais dinamismo ao time. É mesmo, sem rasgação de seda, um timaço. Um time que dá medo aos EUA e os faz jogar no limite, como foi na final em Pequim e no último amistoso, que graças aos erros espanhóis e a disposição americana, terminou em 100 a 78 para os EUA. Tudo bem, os reservas da Espanha são bons, sim, mas não suprem a qualidade dos titulares, a meu ver. E falta o Ricky Rubio. Eu acredito que essas seriam as Olimpíadas pra ele se firmar como grande armador do mundo, depois de ser a grande revelação de 2008. Muitos na NBA mesmo esperavam ve-lo, mas a operação nos ligamentos do joelho impediu o sonho. Fica pro Rio-2016. Sorte a nossa. Agora é ficar de olho nesse time da Espanha, porque vai longe, e muito.





4 - Pau Gasol - Ala/pivô - 32 anos - 2,13 m - Los Angeles Lakers (NBA)
5 - Rodolfo "Rudy" Fernández - Ala/armador - 27 anos - 1,96 m - Denver Nuggets (NBA)
6 - Sergio Rodríguez - Armador - 26 anos - 1,92 m - Real Madrid Baloncesto (Espanha)
7 - Juan Carlos Navarro - Ala/armador - 32 anos - 1,92 m - FC Barcelona Regal (Espanha)
8 - José Calderón - Armador - 30 anos - 1,92 m - Toronto Raptors (NBA)
9 - Felipe Reyes - Pivô - 32 anos - 2,06 m - Real Madrid Baloncesto (Espanha)
10 - Víctor Claver - Ala - 23 anos - 2,06 m - Portland Trail Blazers (NBA)
11 - Fernando San Emeterio - Ala - 28 anos - 1,99 m - Caja Laboral Baskonia (Espanha)
12 - Sergio Llull - Ala/armador - 24 anos - 1,92 m - Real Madrid Baloncesto (Espanha)
13 - Marc Gasol - Pivô - 27 anos - 2,16 m - Memphis Grizzlies (NBA)
14 - Serge Ibaka - Ala/pivô - 23 anos - 2,08 m - Oklahoma City Thunder (NBA)
15 - Víctor Sada - Armador - 28 anos - 1,92 m - FC Barcelona Regal (Espanha)


Tabela da primeira fase
29 de julho - vs. China
31 de julho - vs. Austrália
2 de agosto - vs. Grã-Bretanha
4 de agosto - vs. Rússia
6 de agosto - vs. Brasil


Provável quinteto titular: Calderón, Navarro, Fernández, Pau e Marc Gasol (Ibaka).
Meu palpite: Medalha. Qual das 3, vai depender deles mesmos.


Grã-Bretanha - "Future in England's dream" - País-sede sempre acaba jogando melhor. Se é o clima, a vontade, a arbitragem, o medo, não sei. Mas todo país-sede perturba, se não chegar longe na competição. O time britânico é historicamente fraquíssimo e um autêntico sparring dos grandes time europeus, mas as coisas podem mudar. A vitória sobre a França e a derrota apertadíssima para a Espanha demonstram que algo especial pode vir. Não acho que o clima de "jogar pra galera" vá levar esse time muito longe, mas pode ser que belisquem uma vaga nas quartas aí, e se alguém vacilar... Vai saber. A possibilidade de Ben Gordon e Kelena Azubuike irem a Londres foi cortada, e o time vai com alguns jogadores de um certo nivel na Europa, como Joel Freeland, e dependente da estrela de Luol Deng, do Chicago Bulls. Mensah-Bonsu pode ser uma força dentro do garrafão, mas é só esperar e ver no que vai dar. As fortes partidas feitas contra França e Espanha mostram que essa equipe pode ser incômoda. Ao mesmo tempo, derrotas contra seleções mais fracas destes jogos, como a Tunísia, e a derrota por 24 pontos para a não-classificada Bélgica demonstram que o time é irregular.




4 -Kieron Achara - Ala/pivô - 29 anos - 2,08 m - Assignia Manresa (Espanha)
5 - Andrew Lawrence - Armador - 22 anos - 1,85 m - College Of Charleston (EUA)
6 - Mike Lenzly - Ala/armador - 31 anos - 1,89 m - CEZ Nymburk (República Tcheca)
7 - Papa Yaw "Pops" Mensah-Bonsu - Ala/pivô - 29 anos - 2,06 m - Besiktas Milangaz (Turquia)
8 - Andrew Sullivan - Ala - 31 anos - 2,03 m - Leicester Riders (Inglaterra)
9 - Luol Deng - Ala - 27 anos - 2,06 m - Chicago Bulls (NBA)
10 - Robert Archibald - Pivô - 32 anos - 2,11 m - CAI Zaragoza (Espanha)
11 - Joel Freeland - Ala/pivô - 25 anos - 2,08 m - Portland Trail Blazers (NBA)
12 - Nate Reiking - Armador - Armador - 38 anos - 1,88 m - Sheffield Sharks (Inglaterra)
13 - Daniel Clark - Ala/pivô - 23 anos - 2,10 m - CB Estudiantes (Espanha)
14 - Kyle Johnson - Ala/armador - 23 anos - 1,95 m - APOEL BC (Chipre)
15 - Eric Boateng - Pivô - 26 anos - 2,08 m - Peristeri B.C. (Grécia)


Tabela da primeira fase
29 de julho - vs. Rússia
31 de julho - vs. Brasil
2 de agosto - vs. Espanha
4 de agosto - vs. Austrália
6 de agosto - vs. China


Provável quinteto titular: Reiking (Lawrence), Johnson, Deng, Freeland e Archibald.
Meu palpite: Caiu uma vaga no colo deles. Treinaram, se prepararam, mas estão longe de ser um grande time. Talvez consiga beliscar uma vitória em cima de um dos concorrentes à vaga no grupo.


Rússia - Seleção tradicional, potência olímpica com 2 ouros na era da antiga União Soviética, incluindo o polêmico jogo do cronômetro em Munique-72. Casa do tradicionalíssimo bicho-papão europeu CSKA Moskow. Um pouco de azar com o terceiro lugar no Eurobasket, mas achou o caminho das pedras no Pré-Olímpico Mundial e chega a Londres pra disputar forte. Apoiada em 3 jogadores de NBA, Shved, Mozgov e o grande craque Kirilenko, além do ex-NBA e grande da Europa Viktor Khryapa. Tem nesses 4 a espinha dorsal de seu time, com uma defesa dedicada e bem física, um ataque ao estilo europeu, tático e coletivo, mas com o poder de decisão mais concentrado nas mãos de Kirilenko. Seus jogadores facilmente atuam em mais de uma posição, tornando-se o elenco mais versátil dos Jogos. Um grande técnico, David Blatt, orquestrando a equipe. Favorita a terceira vaga do grupo e, se o Brasil der mole, segunda. Pode ser um grande incômodo nas quartas-de-final. Olho vivo.





4 - Alexey Shved - Ala/armador - 23 anos - 1,98 m - Minnesota Timberwolves (NBA)
5 - Timofey Mozgov - Pivô - 26 anos - 2,15 m - Denver Nuggets (NBA)
6 - Sergey Karasev - Ala/armador - 18 anos - 2,00 m - BC Triumph Lyubertsy (Rússia)
7 - Vitaly Fridzon - Ala/armador - 26 anos - 1,96 m - BC Khimki (Rússia)
8 - Alexander "Sasha" Kaun - Pivô - 27 anos - 2,11 m - PBC CSKA Moskow (Rússia)
9 - Evgeny Voronov - Armador - 26 anos - 1,96 m - PBC CSKA Moskow (Rússia)
10 - Viktor Khryapa - Ala - 29 anos - 2,06 m - PBC CSKA Moskow (Rússia)
11 - Semyon Antonov - Ala - 23 anos - 2,02 m - BC Nizhny Novgorod (Rússia)
12 - Sergey Monya - Ala - 29 anos - 2,03 m - BC Khimki (Rússia)
13 - Dmitri Khvostov - Armador - 22 anos - 1,90 m - BC Khimki (Rússia)
14 - Anton Ponkrashov - Armador - 26 anos - 2,02 m - PBC CSKA Moskow (Rússia)
15 - Andrei Kirilenko - Ala - 31 anos - 2,07 m - Minnesota Timberwolves (NBA)


Tabela da primeira fase
29 de julho - vs. Grã-Bretanha
31 de julho - vs. China
2 de agosto - vs. Brasil
4 de agosto - vs. Espanha
6 de agosto - vs. Austrália


Provável quinteto titular: Ponkrashov (Karasev), Shved, Kirilenko, Khryapa e Mozgov.
Meu palpite: Candidato forte. Terceira força do grupo, um time que pode preocupar, e muito.



Minha aposta de classificação do Grupo B
1 - Espanha
2 - Brasil
3 - Rússia
4 - Austrália
5 - Grã-Bretanha
6 - China






Esse foi o resuminho que eu, a duríssimas penas, consegui montar dos 12 time que disputam os Jogos. Idéias, críticas, sugestões e qualquer discussão será sempre bem-vinda. Espero que o Brasil consiga mostrar o melhor do seu jogo com consistência e nos coloque de novo no alto, já buscando também uma tranquilidade para 2016. Ao longo dos dias, eu vou publicando resenhas e resumos dos jogos do dia.


Abração, see you later,
João Marcos

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Abençoado seja o Fla-Flu!

Era pra eu estar, nesse momento, escrevendo uma prova de Filosofia que eu tenho que entregar AMANHÃ de manhã, mas não tô afim agora, então vou aproveitar essa semana história de Fla-Flu, aquele que começou 40 minutos antes do nada, o maior clássico do mundo que completa o centenário, para contar mais uma história, aquela do gol de barriga.

O ano é 1995, o Flamengo começou o campeonato Carioca como o grande favorito, era o ano do centenário do co-irmão da Gávea, a equipe passava a contar com o reforço do atual melhor jogador do mundo, Romário, além de Sávio, Branco e o técnico Vanderlei Luxemburgo. O rubro-negro atropelou e conquistou a Taça Guanabara, levando para o octagonal final que decidiria o campeonato 3 pontos extras, o Botafogo e o Vasco levaram 1 e o Fluminense nenhum.

O Fluminense entrava naquele ano sem grandes ambições, contava com Joel Santana como técnico e alguns bons jogadores como os meias Djair e Aílton, o atacante Ézio e o já veterano e esquecido Renato Gaúcho, que chegou ao Flu falando que 95 seria o ano do fim do jejum de 10 anos sem título (a equipe das Laranjeiras não vencia um campeonato desde o Carioca de 85).

O octagonal final começou e o Fluminense tropeçou no America (0x0) e no Botafogo (0x1) nas duas primeiras rodadas, praticamente dando adeus a briga pelo título, já que o Flu estava 8 pontos atrás do líder Flamengo, até que na terceira rodada, numa virada espetacular, o Flu bateu o Vasco por 3x2 e iniciou uma grande arracanda, tirando diferença para os líderes rodada a rodada.

Pouco a pouco, o Fluminense foi tirando a diferença e chegou a última rodada do campeonato com o Flamengo ainda na liderança, com 2 pontos de vantagem sobre o Tricolor, precisando apenas de um empate no 4º Fla-Flu do Carioca (nos outros, 0x0 e duas vitórias do Flu, 3x1 e 4x3).

Chega o dia de 25 de junho de 1995, um dia de muita chuva no Rio de Janeiro e que muita gente se deslocava em direção ao Maior do Mundo para um dos Fla-Flu's mais emocionantes e históricos. A torcida Rubro-Negra em maior número, mas a torcida Tricolor fazia a festa aos gritos, no ritmo do clássico Asa Branca, de:

"O primeiro zero a zero,

O segundo três a um,

O terceiro foi quatro a três,

E o Flamengo virou freguês!"

E começou a partida, excessivamente sofrida e brigada, até os 30 minutos, quando Rogerinho recebe lindo passe de Leonardo e encontra Renato na área para abrir o placar, causando uma explosão no lado direito das cabines de rádio, 1x0 para o Tricolor.

A equipe do Fluminense continuou indo pra cima e aos 42, após rebote do goleiro Roger, Renato toca pra Leonardo que marca o segundo, fazendo a torcida do Tricolor cantar a plenos pulmões:

"Não é mole não, chegou a hora de gritar é campeão!"

Mas Fla-Flu é Fla-Flu. E na volta para a segunda etapa, Branco, ídolo tricolor, jogando pelo Flamengo, cobra uma falta que explode no travessão. Tudo conspirava a favor do título do Tricolor, mas a torcida Rubro-Negra acordou e empurrou muito a equipe, até que Romário, aos 26, marca pela primeira vez na carreira contra o Fluminense. Na briga pela bola no fundo da rede, Sorlei do Flu e Marquinhos do Fla são expulsos, deixando 10 contra 10 e mais espaços em campo.

A torcida do Flamengo continuava empurrando, em busca do gol que faltava para o título, até que aos 32, seis minutos depois do primeiro gol, o volante Fabinho, que nunca foi dos melhores tecnicamente, faz uma jogada sensacional e acerta um chute maravilhoso, 2x2. O lado Tricolor entra em desespero, o zagueiro Lira dá uma tesoura e é expulso, nove contra dez.

Alguns Tricolores já começavam a deixar o Estádio Mario Filho e os Rubro-Negros já cantavam:

"É campeão!!"

Até que aos 41, Ronald abre pra Aílton na ponta-direita, que invade a área, corta Charles Guerreiro pra esquerda, depois pra direita e depois de novo pra esquerda, pra finalmente desferir o chute. E que chute, a bola foi para as redes, na hora ninguém reparou, mas aquela bola abençoada entrou graças a um desvio de barriga de Renato, aquele veterano Renato, que havia prometido tirar o Fluminense do jejum de títulos, abençoado seja aquela barriga saliente.

E aquele Fluminense tão desacreditado conquistava, após 10 anos, o título Carioca, contra tudo e contra todos, derrotando o maior rival, Flamengo, com uma equipe fantástica e no ano do centenário.

Agora quem cantava "É campeão!!" era a torcida Tricolor, entoando também um grito de:

"O segundo três a um,

O terceiro quatro a três,

O quarto foi três a dois,

E o campeão é o pó-de-arroz!"

O Fluminense era o campeão do Rio de Janeiro. E Renato, aquele veterano Renato, era o Rei do Rio, contra Romário e Túlio Maravilha.

Esse domingo teremos o Fla-Flu do Centenário e eu não podia deixar de passar aqui para contar mais uma história dele. Espero que mais uma vez o Fluminense leve a melhor sobre o Flamengo em um Fla-Flu histórico, como o primeiro, o da Lagoa, o do Supercampeonato de 46, o de 69, os de 83 e 84, o do gol de barriga, o da morte do Papa e o do Créu.

Deixo aqui os melhores pensamentos e o desejo de que o melhor vença ao amigo Higor. E que o melhor seja o Fluminense.

Vence o Fluminense!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ganhando, mas sem ilusões


Passou a Espanha. Terá o direito de disputar sua segunda final consecutiva de Euro. Acho que não vai vencer, mas... Méritos a um time que joga há bastante tempo junto e mantém um padrão de futebol, sim. Mas sem tantos aplausos ao tal padrão espanhol. O que vimos no jogo de hoje é que uma seleção que jogue sem medo, como Portugal, mas sem o nervosismo na conclusão, é perfeitamente capaz de derrotar a Espanha.

Você vai me dizer, "Ah, mas a Espanha teve mais posse de bola, como sempre, dominou, bla bla bla..." Bullshit! 57% de posso de bola não é domínio. Seis escanteios e 10 finalizações de Portugal contra 3 e 6 da Espanha não é domínio. Se alguém, por esforço durante os 90 minutos deveria ter saído com a vaga, seria o time do Cristiano Ronaldo, por 1 a 0, mas seria. Não me leve a mal, a Espanha jogou bem, mas está longe de ser o mito apoteótico que pintam. Toca a bola bem, o futebol é o melhor do mundo, os times espanhóis, etc. Mas não podemos nos esquecer que os 3 caras que fazem do futebol espanhol o melhor ofensivamente do mundo não estavam em campo. E um estava do outro lado do campo. É notável como fica difícil para a Espanha ganhar como quer sem o tal "homem da decisão", sem Messi, Cristiano Ronaldo ou, vá lá, David Villa.  Não que seja um time incapaz, pelo contrário. Xavi e Iniesta são grandes armadores de jogo, jogadores inteligentes e com poder de mudar jogos. Xabi Alonso segura bem o ritmo do meio e Fabregas dispensa qualquer comentário. Só que não tem mistério jogar contra esse time.


Portugal fez a coisa certa. Pela única vez na minha vida, vi Cristiano Ronaldo correndo de um lado a outro dando combate na saída do jogo. Sufoco. Portugal rifando pouco a bola. Olhando e calculando as jogadas. Esbarraram na falta de homens de qualidade na criação, com certeza (Cristiano costuma receber bola de Özil e hoje recebeu de João Moutinho), e um pouco no próprio nervosismo. "Vamos vencer a Espanha, tá tão perto!". Isso, pra quem já foi atleta e sabe, é o maior veneno para um competidor que está se saindo bem. É o que te faz perder na última curva. Mas está despido o fantasma. Desfeito o mito. É só corrigir as falhas de Portugal.


Uma eliminação nos pênaltis que pode ocorrer com qualquer um. Tal qual a malfadada prova do DETRAN, é a coisa mais psicológica e cruel do mundo. Eu acredito que a incapacidade dos portugueses de liquidar no tempo normal e na prorrogação (o que dava pra ver nos rostos deles que era o plano) mexeu com os brios e botou dúvidas nos cobradores. A Espanha entrou em campo pra passar, não interessa como. Postura de time vencedor e acostumado, time mais experiente que o de Portugal. E fez valer a condição. Cristiano Ronaldo não precisou bater (acho que ele perderia, como sempre) e acabou por ali mesmo. Mas mesmo essa postura de passar de qualquer maneira levou a um certo excesso de confiança do Xabi Alonso, batendo aquele pênalti displicente que ele bateu. Não estou aqui pra jogar pedras na Espanha, eles tem o que merecem pelo trabalho que fazem, só não quero que a gente se esqueça que muito do mito que se constrói em cima desse país está nos estrangeiros que estão lá. Imagina Real Madrid sem Marcelo, Cristiano Ronaldo, Khedira e Özil. Barcelona sem Daniel Alves e Messi. Agora imagina esse time jogando com a saída de bola pressionada, tendo que acelerar o jogo e errando o último passe. Jogando com os laterais sufocados e um time de meias habilidosos, ou com a capacidade de reter a bola, assim como eles. E aí, no que vai dar?

Na estréia de ambas as seleções, a Itália jogou melhor que a Espanha. Não fosse a displicência do Dennis Rodman dos gramados (Balotelli), teria facilmente ganho o jogo. Vem sendo comandada pelo cara que, pra mim, foi o melhor jogador da Itália na Copa em 2006 e repete a dose agora, Andrea Pirlo. Um autêntico maestro de meio como poucos hoje. A seleção da Alemanha joga um futebol forte, envolvente, inteligente. É a sensação da Europa. Como eu disse antes da Euro, "acho que o auge desse time espanhol foi em 2010. É a vez da Alemanha seguir o mesmo caminho deles em 2008". Não vou cravar nada, futebol é uma arte, não uma ciência exata. Mas te digo que qualquer um dos times que passe amanhã, e vejo a Alemanha um pouco à frente, é um potencial para derrotar a Espanha. Sou fã do bom futebol e acho bonito o toque de bola do meio de campo espanhol, mas não suporto jogo burocrático. Gosto de futebol agressivo, agudo. E acho que essa é a bola da vez. E é sempre bom variar o time dominante, senão o futebol fica chato e todo mundo cria um "complexo de Barcelona". O Chelsea veio esse ano com a missão de tirar um pouco dessa empáfia e conseguiu. Se é bonito ou feio, não importa. O importante é que os times que jogam bonito estão mordidos e vão entrar com mais gana ano que vem. E eu espero que as seleções aprendam essa lição. Seja a Espanha campeã mais uma vez, seja Alemanha ou Itália. É briga de cachorro grande.

Até a próxima,
João Marcos

domingo, 10 de junho de 2012

Futebol em estado puro

Esse sábado foi um dos mais esportivos da minha vida. Acordei e a Sharapova tava se sagrando campeã de Roland Garros, na sequência duas grandes partidas da Euro (Dinamarca surpreendendo a Holanda, 1-0, e Alemanha 1-0 em Portugal), amistoso da Seleção contra a Argentina com show de Messi, 4-3 para os hermanos, campeonato brasileiro, Formula-1, Formula Indy e jogo 7 da final da conferência Leste da NBA. Um dia para ninguém que ama esporte botar defeito. E ainda tinha uma lutinha de boxe, que o Pacquiao perdeu. Mas o fim de noite guardava a pérola desse dia, a final da Copa das Nações da Oceania, TAITI x NOVA CALEDÔNIA. Sim, amigos. Eu parei para assistir Taiti x Nova Caledônia. Essa partida que decidiria o campeão da Oceania, valia vaga na Copa das Confederações em 2013, aqui no Brasil. Eu não podia perder.

E ainda bem que não perdi. É o futebol em estado puro. Não foi um bom futebol, muito pelo contrário, nas Séries C e D aqui no Brasil encontramos partidas de nível técnico muito melhor, mas essa partida me remeteu a aspectos básicos do esporte que as vezes nos esquecemos. A Copa das Nações da Oceania desse ano foi realizada nas Ilhas Salomão e depois de uma fase com dois grupos de quatro, os 4 semi-finalistas garantiram vaga na disputa pela vaga da Oceania na Copa de 2014 (Nova Caledônia, Taiti, Ilhas Salomão e Nova Zelândia). Taiti passou fácil pelas Ilhas Salomão na semi-final e aí veio o primeiro grande momento que chamou minha atenção para essa competição: a Nova Caledônia venceu a Nova Zelândia por 2-0. Tinhamos uma "Cinderella", que é como os americanos chamam as zebras. E eu adoro acompanhar essas histórias. O Taiti era favorito, já havia conquistado a vaga para o Mundial Sub-20 de 2009 e já tinha sido vice dessa competição por 3 vezes. A Nova Caledônia, apesar de ser zebra, havia sido vice-campeã da última edição do torneio, que não teve final, foi por pontos corridos.

Perdi algumas horas de sono, mas sentei aqui na frente do computador para assistir Taiti e Nova Caledônia. E não me decepcionei. Apesar de só conseguir um link depois do gol do Taiti, que saiu em um cruzamento desviado e sobrou para Steevy Chong Hue marcar, eu me diverti bastante vendo a humildade das equipes e da competição. O estádio possuí como arquibancada um BARRANCO. Sim, um morro que serve para os torcedores assistirem as partidas, assim como acontecia em 90% dos campos de futebol do Rio de Janeiro no começo do século e isso me fez ver um pouco mais próximo aquela realidade antiga. Depois, no intervalo, os jogadores ficaram nos bancos de reserva, se abanando com as camisas. Sensacional. Tudo muito precário, humilde, mas aqueles caras estavam focados apenas em vencer, levar a taça pela primeira vez para o seu país e vir para o Brasil ano que vem.

Como eu já disse, dentro das quatro linhas não houve nada de especial. Taiti conseguiu a vitória por 1 a 0 e a partir do apito final, uma sequência de momentos especiais foram surgindo. A tristeza de cortar o coração dos garotos da Nova Caledônia, a alegria contagiante da equipe do Taiti. Veio então uma entrevista com o tecnico do Taiti e, meu Deus, o cara chorou em bicas, completamente emocionado e extasiado, falando em francês, então eu não entendi quase nada, mas dava para sentir a felicidade sincera do moço chamado Eddy Etaeta, que é taitiano. Foi, para mim, o momento mais emocionante em muito tempo no futebol.

A cerimônia de premiação merecia um post a parte. Foi tudo muito sensacional. A começar pela presença de parte da família real das Ilhas Salomão entregando medalhas e o troféu, todos de bermuda e camisa de botão, um deles, inclusive, vestia uma camisa FLORIDA. Me senti assistindo "Rocket Power". Depois veio a emoção e felicidade dos taitianos com o troféu. E fechando a transmissão A DANÇA. Que momento espetacular, é cultural nessas ilhas do Pacífico essas danças, mas eu tô acostumado a ver no Rugby. Mas hoje eu vi no futebol. E foi lindo, deu vontade de chorar.

Então eu posso dizer que Taiti e Nova Caledônia vai ser uma partida que eu vou levar para sempre na minha memória. Muito obrigado por existir, esporte. Muito obrigado por existir, futebol.

Segue agora uma pequena galeria de fotos com momentos da partida:

Estádio barranco

Fim de jogo

Entrevista do tecnico

Erguendo a taça

Dança da vitória

sábado, 9 de junho de 2012

Sonoro parabéns e obrigado, Renato!


Pra ser referência não precisa ser craque, precisa ser 

comprometido.


Parabéns, Renato Abreu


Não é um cracaço de bola, e nem precisa. É craque em todo o resto e um bom jogador. Já é mais que o bastante. 



Renato Abreu aniversaria hoje e eu falo de coração que fico muito feliz. Renato é o tipo de jogador a quem quero bem como a um parente. Nunca o vi, ele nem sabe que eu existo, mas sinto uma proximidade com ele. É uma identificação não só com o atleta, é também extra-campo.  Parece-me um sujeito correto, zeloso com os seus deveres. 

Quando adoeceu, a mazela se estendeu a aqueles que o querem bem, incluso eu. 



Mas é ídolo? Merece essa atenção especial no Estagiários?

Para mim, um sonoro SIM. Ele é ídolo, é referencial, marcou época com títulos, tem seu destaque. Talvez não seja pra muita gente no clube, tampouco pra muitos torcedores, mas pra mim é. 
Nem sempre esteve bem, mas quem, não sendo craque, está bem todo o instante? Como disse logo no princípio "não é um cracaço de bola, e nem precisa". É um bom jogador, voluntarioso, veste com dignidade o uniforme que lhe é cedido. Basta.

Ele faz e fez muito de maneira humilde e com pouco estardalhaço. Já fez gols decisivos em finais, assim como também pra livrar o Flamengo de rebaixamento. Não joga contra o clube, mesmo com todos os problemas que a instituição Flamengo inegavelmente tem. Houve uma premiação, se não me engano do campeonato carioca de 2011, em que ele foi sozinho com a Patrícia Amorim. 



"Ahhh, mas isso é bobeira". Não é não. É profissionalismo, é comprometimento com o torcedor, é saber que pra ter respeito tem que respeitar. 


Já tive alguns apelidinhos na vida. Até pouco tempo atrás me comparavam - por questão estética - ao Adriano Imperador. Houve um tempo, quando mais fininho e com o rosto mais infantil, que era comparado ao Renato Abreu. Coisa simples, bobeira, mas a mim era sinal de orgulho. Ser similar ao Renato não é nada mal, se eu puder ser boa praça e simpático como ele, está ótimo. 
Falo isso como alguém que o vê como um parente próximo. Já disse isso e reitero. 

Renato, muito obrigado por tudo. O Flamengo padece por não ter em todo o atleta o profissional que você é. Seu tempo no futebol está minguando, o de todos míngua, mas você há de ficar marcado na minha memória pra sempre.
Que o Flamengo encontre a graça de ter mais atletas agregadores, voluntariosos, participantes e dedicados como Renato Abreu.