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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Abençoado seja o Fla-Flu!

Era pra eu estar, nesse momento, escrevendo uma prova de Filosofia que eu tenho que entregar AMANHÃ de manhã, mas não tô afim agora, então vou aproveitar essa semana história de Fla-Flu, aquele que começou 40 minutos antes do nada, o maior clássico do mundo que completa o centenário, para contar mais uma história, aquela do gol de barriga.

O ano é 1995, o Flamengo começou o campeonato Carioca como o grande favorito, era o ano do centenário do co-irmão da Gávea, a equipe passava a contar com o reforço do atual melhor jogador do mundo, Romário, além de Sávio, Branco e o técnico Vanderlei Luxemburgo. O rubro-negro atropelou e conquistou a Taça Guanabara, levando para o octagonal final que decidiria o campeonato 3 pontos extras, o Botafogo e o Vasco levaram 1 e o Fluminense nenhum.

O Fluminense entrava naquele ano sem grandes ambições, contava com Joel Santana como técnico e alguns bons jogadores como os meias Djair e Aílton, o atacante Ézio e o já veterano e esquecido Renato Gaúcho, que chegou ao Flu falando que 95 seria o ano do fim do jejum de 10 anos sem título (a equipe das Laranjeiras não vencia um campeonato desde o Carioca de 85).

O octagonal final começou e o Fluminense tropeçou no America (0x0) e no Botafogo (0x1) nas duas primeiras rodadas, praticamente dando adeus a briga pelo título, já que o Flu estava 8 pontos atrás do líder Flamengo, até que na terceira rodada, numa virada espetacular, o Flu bateu o Vasco por 3x2 e iniciou uma grande arracanda, tirando diferença para os líderes rodada a rodada.

Pouco a pouco, o Fluminense foi tirando a diferença e chegou a última rodada do campeonato com o Flamengo ainda na liderança, com 2 pontos de vantagem sobre o Tricolor, precisando apenas de um empate no 4º Fla-Flu do Carioca (nos outros, 0x0 e duas vitórias do Flu, 3x1 e 4x3).

Chega o dia de 25 de junho de 1995, um dia de muita chuva no Rio de Janeiro e que muita gente se deslocava em direção ao Maior do Mundo para um dos Fla-Flu's mais emocionantes e históricos. A torcida Rubro-Negra em maior número, mas a torcida Tricolor fazia a festa aos gritos, no ritmo do clássico Asa Branca, de:

"O primeiro zero a zero,

O segundo três a um,

O terceiro foi quatro a três,

E o Flamengo virou freguês!"

E começou a partida, excessivamente sofrida e brigada, até os 30 minutos, quando Rogerinho recebe lindo passe de Leonardo e encontra Renato na área para abrir o placar, causando uma explosão no lado direito das cabines de rádio, 1x0 para o Tricolor.

A equipe do Fluminense continuou indo pra cima e aos 42, após rebote do goleiro Roger, Renato toca pra Leonardo que marca o segundo, fazendo a torcida do Tricolor cantar a plenos pulmões:

"Não é mole não, chegou a hora de gritar é campeão!"

Mas Fla-Flu é Fla-Flu. E na volta para a segunda etapa, Branco, ídolo tricolor, jogando pelo Flamengo, cobra uma falta que explode no travessão. Tudo conspirava a favor do título do Tricolor, mas a torcida Rubro-Negra acordou e empurrou muito a equipe, até que Romário, aos 26, marca pela primeira vez na carreira contra o Fluminense. Na briga pela bola no fundo da rede, Sorlei do Flu e Marquinhos do Fla são expulsos, deixando 10 contra 10 e mais espaços em campo.

A torcida do Flamengo continuava empurrando, em busca do gol que faltava para o título, até que aos 32, seis minutos depois do primeiro gol, o volante Fabinho, que nunca foi dos melhores tecnicamente, faz uma jogada sensacional e acerta um chute maravilhoso, 2x2. O lado Tricolor entra em desespero, o zagueiro Lira dá uma tesoura e é expulso, nove contra dez.

Alguns Tricolores já começavam a deixar o Estádio Mario Filho e os Rubro-Negros já cantavam:

"É campeão!!"

Até que aos 41, Ronald abre pra Aílton na ponta-direita, que invade a área, corta Charles Guerreiro pra esquerda, depois pra direita e depois de novo pra esquerda, pra finalmente desferir o chute. E que chute, a bola foi para as redes, na hora ninguém reparou, mas aquela bola abençoada entrou graças a um desvio de barriga de Renato, aquele veterano Renato, que havia prometido tirar o Fluminense do jejum de títulos, abençoado seja aquela barriga saliente.

E aquele Fluminense tão desacreditado conquistava, após 10 anos, o título Carioca, contra tudo e contra todos, derrotando o maior rival, Flamengo, com uma equipe fantástica e no ano do centenário.

Agora quem cantava "É campeão!!" era a torcida Tricolor, entoando também um grito de:

"O segundo três a um,

O terceiro quatro a três,

O quarto foi três a dois,

E o campeão é o pó-de-arroz!"

O Fluminense era o campeão do Rio de Janeiro. E Renato, aquele veterano Renato, era o Rei do Rio, contra Romário e Túlio Maravilha.

Esse domingo teremos o Fla-Flu do Centenário e eu não podia deixar de passar aqui para contar mais uma história dele. Espero que mais uma vez o Fluminense leve a melhor sobre o Flamengo em um Fla-Flu histórico, como o primeiro, o da Lagoa, o do Supercampeonato de 46, o de 69, os de 83 e 84, o do gol de barriga, o da morte do Papa e o do Créu.

Deixo aqui os melhores pensamentos e o desejo de que o melhor vença ao amigo Higor. E que o melhor seja o Fluminense.

Vence o Fluminense!

Um comentário:

  1. Jogo sensacional. Aniversário do seu avô Bacalhau e nós escutando o jogo na transmissão da rádio globo com o sensacional "Garotinho". Eu, vascaína e vc Pedro, só com 5 aninhos comemorando como se fosse a final do mundo.

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