Passou a Espanha. Terá o direito de disputar sua segunda final consecutiva de Euro. Acho que não vai vencer, mas... Méritos a um time que joga há bastante tempo junto e mantém um padrão de futebol, sim. Mas sem tantos aplausos ao tal padrão espanhol. O que vimos no jogo de hoje é que uma seleção que jogue sem medo, como Portugal, mas sem o nervosismo na conclusão, é perfeitamente capaz de derrotar a Espanha.


Portugal fez a coisa certa. Pela única vez na minha vida, vi Cristiano Ronaldo correndo de um lado a outro dando combate na saída do jogo. Sufoco. Portugal rifando pouco a bola. Olhando e calculando as jogadas. Esbarraram na falta de homens de qualidade na criação, com certeza (Cristiano costuma receber bola de Özil e hoje recebeu de João Moutinho), e um pouco no próprio nervosismo. "Vamos vencer a Espanha, tá tão perto!". Isso, pra quem já foi atleta e sabe, é o maior veneno para um competidor que está se saindo bem. É o que te faz perder na última curva. Mas está despido o fantasma. Desfeito o mito. É só corrigir as falhas de Portugal.
Uma eliminação nos pênaltis que pode ocorrer com qualquer um. Tal qual a malfadada prova do DETRAN, é a coisa mais psicológica e cruel do mundo. Eu acredito que a incapacidade dos portugueses de liquidar no tempo normal e na prorrogação (o que dava pra ver nos rostos deles que era o plano) mexeu com os brios e botou dúvidas nos cobradores. A Espanha entrou em campo pra passar, não interessa como. Postura de time vencedor e acostumado, time mais experiente que o de Portugal. E fez valer a condição. Cristiano Ronaldo não precisou bater (acho que ele perderia, como sempre) e acabou por ali mesmo. Mas mesmo essa postura de passar de qualquer maneira levou a um certo excesso de confiança do Xabi Alonso, batendo aquele pênalti displicente que ele bateu. Não estou aqui pra jogar pedras na Espanha, eles tem o que merecem pelo trabalho que fazem, só não quero que a gente se esqueça que muito do mito que se constrói em cima desse país está nos estrangeiros que estão lá. Imagina Real Madrid sem Marcelo, Cristiano Ronaldo, Khedira e Özil. Barcelona sem Daniel Alves e Messi. Agora imagina esse time jogando com a saída de bola pressionada, tendo que acelerar o jogo e errando o último passe. Jogando com os laterais sufocados e um time de meias habilidosos, ou com a capacidade de reter a bola, assim como eles. E aí, no que vai dar?

Até a próxima,
João Marcos