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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Cumprindo o evidente, superestimando o feito

Não vi o jogo inteiro, assumo. Flamengo e Real Potosí não foi o jogo que acompanhei do primeiro segundo ao último. Ouvi na rádio parte do jogo, costume que aliás tenho alimentado com mais carinho, e vi o segundo tempo na televisão comendo meu sanduíche, cuja marca não exponho por não me pagar um centavo para isso.

Bom, digo ao que vim nessa postagem que vos apresento. Pois bem, aqui no Estagiários ninguém é obrigado a bater palma pra ninguém, concordar com as outras produções dos amigos. Há uma liberdade, uma autonomia intelectual e literária pela qual prezamos. Isto considerado, preciso dizer que discordo com força e vontade do também flamenguista João Marcos, que debutou há pouco tempo aqui no Estagiários.


Ontem ao final do jogo ele postou o texto "Vitória com sabor de saudade" retratando o imenso saudosismo que tem pelo Maracanã - sentimento, aliás, dividido por todos os torcedores frequentadores de estádio no Rio de Janeiro.
Quem não conferiu, só ler AQUI. Vale a pena, até para compreender melhor a oposição que tenho contra parte do que ele escreveu.

Quanto aquilo que diz respeito a saudade pelo Estádio Jornalista Mário Filho - o popular Maracanã - concordo plenamente. Sim, o Maraca é diferente, atrai mais, é melhor não só pela tal da mística. O estádio é bom mesmo, não tem jeito. Sonoridade, acesso, modelo, gramado. Inclusive, qualquer um que aqui frequenta jogo gosta do Maraca e sente um aperto de carência que não se sente por nenhuma outra estrutura da engenharia desta bela e maltratada cidade. Nunca vi ninguém falar "poxa, sem o estádio de Moça Bonita não dá". Ora, amigos. Maracanã é Maracanã. É legitimamente um destaque, um primor. Todo o resto perto dele é demodé. Acabou.

Até aí tudo bem. Eu e João estamos ó, juntinhos juntinhos. Mas me perdoe, como Flamenguista e redator do Flamengo não posso acreditar que alguém possa ter achado que o time jogou bem.

"Falta muito pra esse time ser um time favorito na Libertadores, mas o Flamengo jogou hoje como quem conhecia o que fazia. Com confiança. Uma confiança que eu não via desde que o Adriano foi embora. Foi Flamengo. Jogou bem, dominou o jogo. Não fez uma partida magnífica, poderia ter goleado, deu seus famosos vacilos na bola aérea. Mas até quem não tava bem se doou. Correu, foi marcar, roubou bola, abriu espaço. Saí satisfeito de novo do estádio, depois de muito tempo. A última vez foi aquele Flamengo e Corinthians dramático da Libertadores de 2010. Aquele jogo com a cara dos dois times. Enlameado, difícil, Ronaldo e Roberto Carlos de um lado, Adriano, Petkovic e Love do outro. 1 a 0, gol de pênalti do Adriano. E hoje eu tive de novo um pouco desse gosto."

Entendo, a volta para a Libertadores mexe com a cabeça mesmo. Mas senti um tom de paixão exacerbada e menos razão na análise. Nada pessoal, João, mas o Flamengo foi muito fraquinho. Quem vencemos? O famoso-ningúem-na-noite Real Potosí. Nós temos o Ronaldinho Gaúcho, duas vezes melhor do mundo - não é o mesmo R10 do Barcelona, mas mesmo assim. Fora outros jogadores de qualidade bastante aceitável. No entanto, tivemos aperto. Criar espaço, acertar passe, chutar a gol e roubar bola desse time que tem como único trunfo a altitude não é lá mérito. Antes fosse uma LDU, que fora de casa também faz seus sassaricos, mas o Potosí não. Contra o Potosí dois é pouco, mas três não é demais.

Atrevo-me a dizer que se jogarmos dessa forma não levamos nem o carioca. O time está uma bagunça. Ao fim do jogo o Luxemburgo deu entrevista. Ouvi ela integralmente na Rádio Globo. Ele claramente estava colocando, em meio aos seus devaneios e rusgas, o seguinte: "se sair digo que pelo menos cumpri com o objetivo de colocar o Flamengo na Libertadores". Ele sabia que era provável a saída. Aliás, ele e toda a torcida do Flamengo - nunca um dito popular fez tanto sentido. Verdade, cumpriu com o planejamento, não vou ficar aqui reclamando só também. Conseguimos cumprir o objetivo, queira ou não é louvável. Mas esgotar tudo nessa pequena conquista é pensar minúsculo. Cumprimos a classificação, mas a estamos superestimando. Atroz seria não tê-la. Convenhamos, mesmo o mais incansável pessimista sabia que tínhamos tudo para obter a vaga. Agora que é a vera.

Libertadores que nem o Santos ganhou ano passado, levando nas coxas, trancos e barrancos, é um misto de sorte e oportunidade. Primeira fase penosa, segunda na sorte e definindo o jogo vez ou outra. Ganhar assim não é fácil. Ganhar dando show também não. Fluminense fez a coisa mais linda que já vi em uma Libertadores em toda a minha existência e perdeu na final. É futebol, ué. Vai brigar com a bola?

Se isso serve de alguma coisa, posso dizer que tenho empiricamente aí a prova do que pra mim é irrefutável: Libertadores é difícil demais de vencer. Nunca é fácil, dando show ou não. Jogando mal então, nem a confiança e credibilidade tem, se torce pela sorte. Digam-me, o Flamengo jogou pra despertar esse ânimo? Só na paixão mesmo. A zaga do Flamengo é um insulto. O ataque ajuda a marcação no meio como pode, nem sempre de maneira eficaz. O meio de campo carece de uma oxigenada às vezes. E o banco? Há equipe pra aguentar o ano? Sinceramente, não tem nem pra aguentar a Libertadores.

Aliás, hoje nem técnico temos. A dignidade só ficou porque nos classificamos, fora isso, não há do que comemorar.






2 comentários:

  1. q isso neguin, sou teu fã!! primeiro pq escreve bonito demais, segundo pq mesmo sendo flamenguista (chato rsrs) eh totalmente justo! futiba eh assim mesmo, as vzs injusto, como foi com o flu, mass fazer o q... pelo jogo de ontem, o flamengo mereceu estar na amerika, mandou em campo, porem tenk rever mesmo como vc flw, carente aindaa em algumas posições.. abração

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