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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Não levando dúvidas para Londres

Todo mundo sabe, esse ano tem Olimpíada em Londres. Brasil de volta com o basquete masculino depois de 16 anos, a liga crescendo, expectativas para o Rio 2016, uma série de coisas passando pelas nossas e pela cabeça dos jogadores, da comissão técnica. “Será que vamos a passeio? Será que vem medalha? Será que uma base para 2016 vai ficar?”. Eu responderia essas perguntas como Não, Não e Sim. E agora explico os motivos.





Não, nós não vamos a passeio. Já foi o tempo onde a seleção era um bando de jogadores egoístas e sem foco, jogando num campeonato fraco e perdido no Brasil. O NBB tem ganhado muita força no cenário das Américas, os jogadores estão mais motivados e notoriamente melhores do que, por exemplo, naquela vergonha de Mundial de 2006. E isso falando dos 10 jogadores daquele time que estão na seleção ainda, ou que estavam na preparação para o Pré-Olímpico. Marcelinho Huertas se tornou um dos armadores mais seguros e talentosos da Europa, e a gente sabe que os melhores armadores clássicos do mundo vieram da Europa ou passaram por lá. Marcelinho Machado pode enfim jogar na sua posição, como ala, arremessador, e é uma figura de liderança, não mais de destempero, como costumava ser. Guilherme se tornou mais técnico, assim como Alex. Varejão e Leandrinho agora tem outro nível de prestígio na NBA. Murilo também evoluiu, assim como o Caio Torres, mas não sei se eu levaria para a Olimpíada. Splitter se tornou o melhor pivô da Europa e foi pra NBA, onde está crescendo pra preencher o buraco que o Tim Duncan vai deixar. Nezinho, nunca achei e continuo não achando jogador de seleção. Mimado, inconstante, encrenqueiro e sinceramente, não tem nada de mais. E agora os novos talentos do NBB, Benite, Gui Deodato, etc., Augusto Lima, Rafael Luz e Hettsheimeir na Espanha, acredito que é um grupo forte e com muita esperança de bons resultados mais pra frente.



Mas, por outro lado, na pré-convocação dos EUA, acaba a brincadeira. LeBron James, Chris Paul, Kobe, Carmelo Anthony, Dwight Howard, Stoudemire, e as novas estrelas, Derrick Rose, Russell Westbrook, Kevin Durant, Kevin Love. Time de videogame. O mais próximo que a gente pode chegar daquele Dream Team de 92, da foto aí ao lado. Não preciso falar mais nada. “Ah, mas às vezes eles jogam com egoísmo e ficam de oba-oba, aí perdem”. Esses erros de 2004 e 2006 não vão se repetir. Americano peca pela arrogância, mas não pela burrice. Quem pode ameaçar esse time, e mesmo assim, só vencer se estiver num dia de Dream Team, são Argentina e Espanha. A Argentina tem a sua geração de ouro, prata e bronze (Atenas-2004, Mundial de 2002 e Pequim-2008) se despedindo, completa, com sede de mais título. É um time que se conhece muito bem, e tem certos jogadores que dispensam apresentação (Scola, Prigioni, Nocioni, Ginobili, Delfino, Kammerichs, Pepe Sanchez, Oberto).

No mesmo nível, mas com um time titular mais forte, vem a Espanha. Todos os seus titulares jogam ou jogaram na NBA (Navarro, Calderon, Fernandez, Pau e Marc Gasol). Tem o Ricky Rubio, um dos melhores calouros da NBA e, na minha opinião, o melhor armador do mundo daqui a poucos anos. Agora tem o reforço do Serge Ibaka, sem contar os caras rodados, Reyes, Sada, Vasquez, etc. Um time titular que joga como um time de NBA e se conhece como nenhum outro, pra mim um dos favoritos. Sem contar quem sempre vem forte e vai perturbar. França vem, pra mim, como a quarta força. Um time com Tony Parker, Joakim Noah, Boris Diaw, Nicolas Batum e Mickael Pietrus é um time a se considerar. Tem times que não estão lá ainda, mas sempre são fortes, Turquia, Grécia, Lituânia, Rússia e a nova surpresa Macedônia...O Brasil vem, pra mim, como a quinta força. Só vendo mesmo. Talvez role uma grata surpresa com os anfitriões do Reino Unido, que não tem jogadores de expressão dentro da Europa, mas que tem a possibilidade de contar com Ben Gordon, Luol Deng e Kelena Azubuike no perímetro e Mensah-Bonsu no garrafão. Nunca se sabe se eles, que na maioria são britânicos de origem ou nascimento, mas não de criação, serão aceitos pra defender a equipe. Mais uma incógnita que só em agosto vamos responder.


Sim, teremos uma boa base para 2016. A seleção que provavelmente irá para as Olimpíadas esse ano deve ser pouco alterada para 2016, quem deve sair são os mais velhos e já na descendente da carreira (Guilherme, Marcelinho, talvez o Alex), figuras de liderança da seleção de hoje. Provavelmente teremos a mescla de jogadores mais experientes, como Marquinhos, Thiago Splitter, Varejão e o Marcelo Huertas com algumas dessas caras novas que eu citei antes, Gui, do Bauru, Fred, que agora foi jogar na universidade nos EUA, Rafael Luz, Augusto Lima, Raulzinho, talvez o Lucas Bebê exploda na Espanha ou vá para a NBA e seja mais um nome forte, Vitor Benite, Hettsheimeir, entre outros que vão surgindo. A safra é boa, tem jogadores de todas as posições. Se o trabalho do Magnano for mantido, a renovação começar já em 2013, na Copa América, passar junta pelo Mundial em 2014 e o Pan em 2015, acredito que essa base pode levar o Brasil ao pódio. Assim como a base da Argentina de 2002 até hoje, e a base da Espanha que surgiu em 2006 e deve seguir até a Olimpíada do Rio.


Mas isso é só um aperitivo. Quando as 12 seleções estiverem convocadas e os Jogos batendo à porta, eu volto analisando uma por uma, já com quintetos titulares mais definidos e um olhar mais técnico sobre cada time. Então vamos aguardar esses 6 meses, Euroliga, NBB, NBA, e observar o que se desenrola até lá.

2 comentários:

  1. Gostei bastante do seu post, João. Muito mesmo, parabéns. Teria pouco a acrescentar, exceto pela experiência de ter jogado ao lado do Fred e do Bebê e ter a certeza de que a carreira dos dois vem sendo administrada muito bem e que ambos tem cabeças muito boas e sabem de seu potencial, por isso acredito que ambos vão ter a sua chance de explodir. Sobre a chegada deles a seleção até 2016 acho que a chance do Lucas Bebe é consideravelmente maior pelas oportunidades que ele já teve nas Seleções de base onde o Fred nunca conseguiu se firmar. Mas sou amigo e torço muito pelos dois, espero que seus prognósticos estejam certos e que o nosso basquete volte ao patamar de onde nunca deveria ter saído não só no cenário mundial como dentro do país, voltando a ser o segundo esporte em preferência.

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  2. Excelente!!! Aguardo ansioso pelas próximas postagens.

    abraços

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