terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Pancada Final nos UFC Rio 2 e UFC on Fox 2
“Higor Figueira
Ferreira
sábado, 28 de janeiro de 2012
11 outros Barcelonas (Parte III)
Flamengo de 81 – “Ah, mas o Guardiola falou da seleção de 82 e você é um clubista filha da puta”. A seleção de 82 pelos seus valores individuais, 3 deles desse time do Flamengo, os outros dois sendo Falcão e Sócrates, e se utilizava do tal ”quadrado mágico” no meio, 2 volantes e 2 meias, Éder de segundo atacante e Serginho centroavante. Esse time do Flamengo, além desses valores individuais, tinha um valor tático que ninguém no mundo tinha. Claudio Coutinho misturou conceitos da Holanda de 74 e do Brasil de 70, do qual ele foi preparador físico (na parte II do post, vocês podem ver o Coutinho na foto, do lado do Parreira), nesse time. O time atacava em bloco, mas com posições um pouco mais definidas: Adílio caindo mais atrás por um dos lados, conduzindo, como faz o Iniesta no Barcelona; Andrade, misto de Xavi e Busquets, roubava a bola e organizava, deixava tudo limpo pro time jogar; Leandro e Junior eram alas, armas ofensivas, e pressionavam a saída dos laterais adversários, como o Daniel Alves. Tanto é que Junior virou meia no fim da carreira; Zico, no meio, como o Messi, às vezes na referência, mas sempre de frente, driblando, abrindo o espaço e fazendo a mágica; os pontas, Lico e Tita, voltando ao meio, compondo e fazendo o bloco (quando Julio Cesar jogava no lugar de Lico, era mais um ponta mesmo, um atacante driblador, que entrava muito na diagonal e usava a linha de fundo); Nunes, o centroavante, a referência na área. 4-3-3 ou 4-5-1 com a bola, 4-5-1 sem ela. Foi o primeiro time no Brasil a ser, apesar da técnica toda de seus jogadores, tão tático assim. E ganhou 3 Brasileirões, 1 Libertadores, 1 Mundial e 4 Campeonatos Cariocas em 5 anos.
Milan dos anos 90 – O time dos holandeses do Arrigo Sacchi e depois o time internacional de Fabio Capello, levou 3 Ligas dos Campeões, 3 Italianos, 1 Copa da Itália e 2 Mundiais em 5 anos. Após uma draga braba e o rebaixamento para a série C no meio dos anos 80, Silvio Berlusconi comprou o Milan e investiu em tudo. Pouquíssimo tempo depois, estava no topo do mundo. Contratou da Holanda campeã da Eurocopa de 88 os melhores jogadores, Rijkaard, Gullit e Van Basten (melhor do mundo em 92 pelo Milan). Juntou os melhores defensores da Itália e do mundo no seu time, todos revelados pelo Milan (Costacurta, Baresi, Maldini e Tassoti), e deu um meio de campo consistente para os holandeses jogarem. Sacchi foi revolucionário ao botar o Milan pra jogar com 2 linhas de 4, a zaga adiantada até a intermediária e o ataque recuado até a outra intermediária, criando um bloqueio para o jogo adversário, a tal da pressão em 3 quartos de campo. Seu ataque jogava nas falhas provocadas por esse sistema, em velocidade, e assim conquistou tudo. A segunda formação, após a saída dos holandeses e do Arrigo Sacchi para treinar a Itália em 94, tinha Albertini, o francês Desailly e o croata Boban, além do futuro melhor do mundo de 95 e único africano com o título, George Weah.
Barcelona dos anos 90 – Por que o Barcelona? Porque Johann Cruyff assumiu o time e levou a filosofia da Holanda e de quase todos esses grandes times e levou pra Espanha, plantando a semente do time que hoje ganha tudo. A primeira formação supertime do Barcelona tinha Ronald Koeman na zaga, fazendo o gol do título europeu de 92, Guardiola e Laudrup no meio, e Romário, campeão mundial e melhor do mundo em 94, e Stoichkov, artilheiro da Copa de 94, na frente. E esse foi o pontapé inicial da era de ouro do Barcelona de hoje, que depois de uns anos de trabalho trazendo Figo, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho, Deco, Giuly, Eto’o, Zambrotta, etc. e revelando Xavi, Messi e Iniesta, conseguiu consolidar esse futebol que todos acham mágico hoje.
E essa foi a seção dos 11 outros Barcelonas. Times que foram dando noções novas ao futebol e elaborando conceitos que vieram a moldar o que é essa máquina que a gente vê jogar hoje. Se vocês acham que faltou alguém, pode comentar, dizer o porquê, o debate (não a discussão violenta) é sempre bem vindo. Obrigado a todo mundo que leu, e já já eu volto aqui no Estagiários, falando de vários assuntos.
A seleção dos 11:
Wunderteam da Áustria 1934
La Maquina do River Plate dos anos 40
Hungria 1954
Brasil 1958
Real Madrid 1960
Botafogo dos anos 60
Brasil 1970
Ajax 73/ Laranja Mecânica da Holanda 1974
Flamengo 1981
Milan dos anos 90
Barcelona dos anos 90 até hoje
Aquele abraço,
João Marcos
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Paz, Amor, Flamengo
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Para início de temporada está de bom tamanho
domingo, 22 de janeiro de 2012
11 outros Barcelonas (Parte II)
Brasil de 58 – Muita gente vai chiar, “Mas e o Santos do Pelé?”. Bom, o Santos jogava com 2 volantes e 4 atacantes mesmo, de ofício. A ligação dependia de uma ocasional volta do Pepe ou do Dorval, às vezes do Pelé, mas não era padrão. E seus laterais jogavam completamente presos, os atacantes não voltavam pra marcar. Esse time fez milhares de gols e tomou milhares de gols. Não marcava pressão na saída de bola, deixava jogar. A Seleção de 58 também, mas com uma diferença básica: nela, o Pelé recuava mais pra buscar o jogo e o Zagallo voltava, fechando o meio quando a bola era perdida. Foi o nascimento do 4-3-3, ainda que sem aquela configuração clássica de ponta direita, centroavante, ponta esquerda. Com a volta desses dois, chegando-se até a lampejos de 4-4-2 com a bola, o time fluía melhor pros lançamentos do Didi, fazendo a função que hoje o Xavi faz no Barcelona. Garrincha também era participativo taticamente, facilitando um contra-ataque ou uma jogada de habilidade dele mesmo na linha de fundo. Em 62 a tática se manteve, com a entrada do Amarildo no lugar do Pelé, lesionado, e do Zózimo e do Mauro no lugar da zaga titular de 58 Orlando Peçanha e Bellini. Uma curiosidade é que Pepe, do Santos, seria o titular nas duas Copas, mas as suas lesões deram a vaga de titular ao Zagallo, que foi o maior responsável por essa mudança tática na seleção.
Botafogo dos anos 60 – Base de metade da seleção, em 2 gerações manteve um jeito de jogar, e similar ao do Barcelona, e esse foi o grande mérito desse time. Durante mais ou menos 8 anos, manteve um padrão de futebol com peças completamente diferentes. Na primeira formação, Didi maestro e Amarildo voltando, junto com Zagallo, pra fechar o meio e municiar Garrincha e Quarentinha. Nilton Santos sendo o primeiro lateral a tentar se aventurar no ataque, outra mudança importante. Na segunda formação, Gérson manteve o trabalho do Didi, e Jairzinho e Paulo César Caju assumiram as posições táticas de Amarildo e Zagallo. Esse time ganhou os Cariocas de 61,62,67 e 68, o Rio-São Paulo em 62 e 64 e a Taça Brasil de 68. Por isso são duas fotos, com as duas formações.
Brasil de 70 – Dizem que era o maior time de todos os tempos, não vi jogar, mas não deve ser à toa esse título. Semelhanças com o Barcelona são absurdas: volante jogando na zaga (mas porque o Piazza tinha qualidade, não que nem o Mascherano, batedor que se achou como zagueiro); um lateral direito fundamental no ataque do time, Carlos Alberto Torres, e um lateral preso para marcar, Everaldo; um meia habilidoso, que jogava de cabeça em pé, e fazia o time rodar, Gérson; 4 atacantes que voltavam pra compor o meio e flutuavam, dando um dinamismo que ninguém tinha visto antes. Diziam que era o time dos camisas 10, porque Rivellino, no Corinthians, Pelé, no Santos, Tostão, no Cruzeiro (apesar de jogar com a 8), e Jairzinho no Botafogo, eram pontas-de-lança ou, em alguns casos, o tal do meia esquerda. E essa polivalência deles fez com que a seleção de 70 tivesse uma tática que o Flamengo usaria em 81, ao seu modo, e a Holanda usaria em 74. Com a bola, o time era quase um 4-3-3, com um dos quatro voltando pra buscar a bola e iniciar. Sem a bola, virava um 4-5-1, com Pelé ou Tostão ficando na referência e os outros montando um bloco no meio. Além do toque de bola mágico, é claro.
Ajax de 73/Holanda de 74 – “Mas são 2 times diferentes!”. Não, não são. Religiosamente o mesmo esquema tático, mesmo técnico, mesmos craques, uma ou outra peça diferente. 5 dos 11 titulares eram do Ajax, e o esquema era simples: Ninguém guarda posição, todo mundo roda. A marcação é pressionada. Os 3 atacantes voltam, os 2 laterais sobem, zagueiros adiantam, volantes e pontas abrem e fecham. O seu 4-3-3 varia de diversos modos conforme a necessidade e o posicionamento dos jogadores. No ataque, esse time virava um trator, uma tropa, subindo com 7, às vezes 8 jogadores, e retornando com os mesmos após perder a bola. Um time de futsal, um time de basquete. Futebol total. É isso. E com a bola no pé, fazer mágica. Neeskens cadenciava e achava espaços para passes e lançamentos, Cruyff era um misto de ponta-de-lança, centroavante e meia-esquerda. Orquestrava, entrava driblando e fazia muitos gols. O melhor jogador do mundo nos anos 70. E o melhor time do mundo nos anos 70. Alguns dizem que o melhor de todos os tempos.
E assim já foram oito times. Não percam a conta que daqui a uns dias eu postarei os outros 3 times, fechando a série. Serão times um pouco mais recentes, e mais fáceis de a gente lembrar quem passou por eles e porque foram influentes. Claro que polêmica sempre vai haver e vai ter gente reclamando, então quem quiser, lista aí outros times, discussão tá sempre aberta. Abração, até mais!
Analise antes do jogo: Vasco X Americano
O primeiro jogo oficial do Vasco no ano de 2012 é marcado por uma surpresa, segundo Cristóvão Borges o time que começa jogando será: Fernando Prass, Fagner, Dedé, Renato Silva e Thiago Feltri; Nilton, Felipe Bastos, Chaparro e Juninho; Diego Souza e Alecssandro.
O zagueiro Rodolfo ainda não esta regularizado e não poderá fazer a sua estréia, já Thiago Feltri vai vestir a camisa do Vasco pela primeira vez. Agora resta saber se ele vai agüentar a pressão de ser o lateral do gigante da colina. Posição mais difícil para quem joga em São Januário pela torcida ficar a menos de 5 metros dos laterais. O jogo será em Macaé sendo assim, pelo menos na sua estréia, Thiago vai ter um pouco mais de paz para mostrar o seu futebol e tentar resolver o problema crônico na lateral esquerda que existe desde a saída do Ramon.
A grande surpresa do jogo não será as estréias e sim, Chaparro, que apesar de estar no Vasco há quase dois anos, jogou poucas partidas e tem um fardo muito grande para carregar, tentar ser o reserva do Felipe, o maestro desse meio de campo. Cabe a Chaparro nesse jogo mostrar se ele vai começar uma trajetória no Vasco ou apenas mais um jogador que passou pelo Vasco e não marcou.
A Cristovão/Ricardo Gomes cabe uma critica como um armador pode estar a mais de dois anos em um clube e não ter jogado nem 10 vezes, sendo que, no ano passado Felipe e Juninho deixaram de jogar varias partidas e o Chaparro foi preterido, para entrar em campo outros jogadores de posições que não são de armação, como o volante Diego Rosa que entrou em partidas importantes sem render em nenhuma delas. Dessa forma entendo que o Chaparro não é um bom jogador , sendo assim, eu não sei o que ele esta fazendo no Vasco ou existiu um erro claro de avaliação de ambos os treinadores.
A diretoria do Vasco não consegue aprender com os seus próprios erros, uma peça fundamental da equipe se machucou. O ano terminou começou outro e estamos com o mesmo problema tendo que escalar no ataque Diego Souza e Alecssandro, um centroavante nada além do razoável e um jogador que não se acha em campo, não sabe se é meia ou atacante. Eder Luis faz muita falta a esse time que acaba perdendo o contra ataque, ficando ainda mais previsível sem o Felipe, o grande cérebro desse time. Deixando como pontos forte apenas a defesa e a bola parada de Juninho.
Espero que 2012 tenha um início melhor que 2011.
Palpite para a partida: Vasco 1 X 0 Americano.
sábado, 21 de janeiro de 2012
De Joe Montana a Drew Brees
No domingo, a partir das 18h, é tempo de parar tudo que está fazendo e sentar na frente da TV para assistir a final da AFC onde o New England Patriots recebe o Baltimore Ravens. O Tom Brady, quarterback do Patriots, é um dos maiores da história da NFL, tem três títulos e sozinho pode vencer essa partida, mas o Ravens é conhecido pela sua fortíssima defesa, logo pode surpreender. Como diria Mr. Michael "Air" Jordan (sim, ele é do basquete, mas essa frase serve para todos os esportes): "Um bom ataque vence jogos. Uma boa defesa vence campeonatos." Então por isso eu aposto em vitória do Ravens, sim, uma aposta arriscada mas acho que o Joe Flacco é um bom QB que junto com o forte ataque terrestre dos bons running backs Ray Rice e Ricky Williams e uma defesa quase impenetrável, vão levar o Baltimore Ravens ao Super Bowl XLVI. Ah, além disso não seria justo o Tom Brady ser casado com a Gisele Bündchen e campeão do Super Bowl, sucesso no trabalho ou no amor, nos dois não dá!
Antes de escrever isso eu tive que perguntar para o meu pai como que ele se apaixonou pela bola oval na década de 70 e 80 e ele me disse que a culpa é principalmente do cinema americano, que em muitos filmes mostrava o jogo e gerava a curiosidade da geração dele. Os jornais e revistas também volta e meia noticiavam alguma coisa mas o que introduziu definitivamente a NFL no Brasil foi a transmissão do Super Bowl para o Brasil no começo da década de 90 e o surgimento da ESPN no Brasil, trazendo a transmissão de alguns jogos durante a temporada para o público que contava com TV a cabo. Ídolos como Joe Montana, Dan Marino, Jerry Rice, Troy Aikman, Steve Young e John Elway também se tornaram conhecidos para um pequeno público que começava a se formar no Brasil.
A cada transmissão de uma partida da NFL eu sinto o futebol americano mais próximo do Brasil. Claro que ainda existe muito preconceito contra quem gosta, mas eu vejo o futebol americano crescendo em proporções bem parecidas com a do MMA no Brasil.
Para terminar essa análise, eu trouxe um depoimento de um amigo, o William Ferreira (@Will_SPFC no twitter, para todos interessados em seguí-lo), sobre como ele se apaixonou pela bola oval e esse depoimento vai servir como um ótimo contraste ao meu, que como eu disse, foi bem fora do comum.
"Quando eu comecei a ver NFL, entre 2002 e 2003, não haviam muitos atrativos. Haviam vários times para se torcer, mas poucos ídolos para se identificar. A liga se recuperava da queda de rendimento ou da aposentadoria de jogadores como Troy Aikman e John Elway, por exemplo. Eu mesmo comecei a ver o esporte após saber que Adhemar, jogador da bola redonda do São Caetano, quase foi jogar a bola oval naquele esporte louco que a Bandeirantes e a ESPN Internacional transmitiam. Conforme fui vendo, porém, comecei a ver o surgimento dos ídolos popstars de hoje: vi Tom Brady encarnar o sonho americano de ser rejeitado para depois ser multicampeão, vi Peyton Manning levar a palavra "eficiência" para outro patamar, vi Drew Brees surgir como Messias duma franquia sem muitas vitórias e após um momento complicado, vi Eli Manning surgir como jogador decisivo, vi Ben Roehtlisberger aparecer com sua saúde de aço, vi Maurice Jones-Drew carregar um time nas costas... e, conforme esses nomes surgiam, o esporte crescia no Brasil. Acho que brasileiros precisam de ídolos para começar a ver um esporte, vide o MMA, e esses ídolos foram surgindo conforme a ESPN passava a dar mais força para o esporte. Hoje, acho que a paixão por futebol americano (ainda mais em tempos que rodeiam o Super Bowl) chega a níveis jamais imaginados por aqui, e eu não reclamo nem um pouco disso."
Enfim, o Will foi perfeito em sua colocação, principalmente na parte dos ídolos e foi no depoimento dele que eu me inspirei para o título desse post. Infelizmente não tivemos a chance de acompanhar de perto carreiras como de Joe Montana e Dan Marino, mas temos a sorte de acompanhar a NFL em uma época de grandes jogadores como Tom Brady, Peyton Manning, Aaron Rodgers e Drew Brees. Somos privilegiados por isso e por ter a oportunidade de acompanhar de perto esse esporte sensacional.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
11 outros Barcelonas (Parte I)
Vou começar com um clichê, mas de um ponto um pouco diferente: o Barcelona. Todo mundo acha o Barcelona uma caixa de pandora, mas na verdade é mais simples de entender do que se imagina. Esse Barcelona é derivado de características de outros grandes times, e eu vou mostrar aqui um pouco de cada um deles, e o legado pra esse time de hoje. Hoje eu começo a série "11 outros Barcelonas", pela ordem cronológica:
Áustria de 34, Wunderteam - Eu sei, nem eu nem nenhum de nós viu esse time jogar. Mas o que ficou na história e que marcou a tal da Escola do Danúbio foi o que esse time, montado por Hugo Meisl em cima do Golden Team da Hungria, abriu pro mundo. A marcação pressionada e de passes rápidos. Seu esquema era o 2-3-5 que todo mundo usava na época, mas a volta de Sindelar, o centroavante, ao meio de campo para marcar, e a entrada em diagonal de Bican, ponta-de-lança, deixavam aquele time mais dinâmico e facilitava a pressão e o contra-ataque rápido. Esse time aplicava muitas goleadas e seu ponto alto foi a Copa de 34, onde mostrou em âmbito mundial o seu jogo. Sindelar era considerado o melhor do mundo e era conhecido como o Homem de Papel, por ser alto, magro e pelos dribles em espaços curtos. Esse time era o favorito para a Copa de 38, mas a morte de Meisl em 37 e a invasão da Alemanha fez alguns jogadores se recusarem a jogar pela Alemanha.
River Plate dos anos 40, La Maquina - De onde eu tirei isso? Esse é tido como o primeiro time a fazer o seu ataque rodar e seus jogadores não terem posição fixa, o que dificultava a marcação e facilitava uma roubada rápida de bola. Losteau, Pedernera e Muñoz voltavam ao meio e trocavam entre si, e o craque do time, Labruna, recuava para buscar a bola, iniciando as jogadas para os pontas Losteau e Muñoz, junto a Moreno, que jogava no meio. Time campeão argentino 4 vezes em 6 anos. Seus principais jogadores deixaram um legado que a geração argentina de Di Stéfano levou à Europa nos anos 50, chegando futuramente à Hungria de 54 e à Holanda, no fim dos anos 60.
Hungria de 54 - Essa tinha que entrar. Revolucionou um esquema que o mundo inteiro usava, o 3-2-5, e recuou Hidekguti pro meio, inventando o 4-2-4 que o Brasil usaria até a Copa de 70. Czibor, Puskas, Kocsis, todos jogadores com bom preparo físico, jogavam quase em linha (outra novidade), com passes curtos e que muitas vezes acabavam em bolas na linha de fundo e cruzamentos pra Kocsis, artilheiro da Copa de 54 com 11 gols. Outra curiosidade era a numeração trocada, usada pra confundir. O meia Czibor era o 11, Kocsis era o 8, Hidekguti era o 9. Todos em outras posições. Esse time influenciou o mundo todo, mas não ganhou a Copa do Mundo. Mesmo assim, fica a homenagem. Baseado no time do Honved, do exército húngaro, desfeito após o regime comunista chegar em 58. Puskas foi pra Espanha, pro Real Madrid, levar para aquele time o que aprendeu e juntar com Di Stéfano, montando uma outra máquina e tendo grande influência.
Real Madrid dos anos 50 – Mérito desse time foi nascer forte, equilibrado, marcando bem e fazendo muitos gols, e aí juntar as influências do River Plate dos anos 40, com Di Stéfano, da Hungria de 54, com Puskas, e até do Brasil de 58 e 62, quando Didi foi pra lá. Primeiro supertime como o Barcelona, ganhou 5 Copas dos Campeões seguidas e foram os primeiros campeões mundiais, em 1960. Não tem muito o que dizer, foram os primeiros a absorver várias ideias pra formar um time muito acima da média. Postei a foto abaixo pois o relacionamento entre Didi e a dupla de donos do time, Di Stefano e Puskas, era tão ruim que não há foto oficial com os 3 juntos, ou mesmo Didi com algum dos 2. O próprio Didi disse que saiu do time porque não aguentava essa coisa de dono do time.
Na próxima vem mais 4 times, sempre lembrando que eles têm que ter tido alguma inovação ou aperfeiçoamento tático que tenha sido influente para o Barcelona de hoje. Então, não vou ficar com síndrome de Arena Sportv, fazendo média com ninguém. Espero que vocês tenham curtido esse primeiro post. Aquele abraço!
Histórias do campeonato Carioca...
E eu vinha pensando em qual jogo contar então cheguei a conclusão que queria fugir do clichê de falar sobre o Fla-Flu de 1995, e resolvi falar de um Fla-Flu marcante e que veio dez anos depois, a final da Taça Rio de 2005.
O Fluminense venceu o Campeonato Carioca de 2005 enfrentando o Volta Redonda na final. A equipe do interior havia vencido a Taça Guanabara após muitos tropeços dos grandes e só o Botafogo indo a fase final e mesmo assim eliminado pelo Americano na semi-final, que foi posteriormente derrotado pelo Volta Redonda nos penaltis e o Voltaço levou seu primeiro título de expressão. Veio a Taça Rio e os times grandes melhoraram muito, principalmente o Fluminense que venceu 5 dos 6 jogos da fase de classificação, incluindo uma goleada por 4x0 contra o Botafogo, e passou na semi-final contra o Vasco em uma decisão dramática nos penaltis.
Veio a final da Taça Rio, contra o Flamengo, mas no dia anterior houve um fato muito marcante: a morte do Papa João Paulo II, um símbolo da torcida do Fluminense que desde 1980, na primeira visita dele ao Brasil, cantava a música em homenagem ao Santo Padre em momentos de sufoco. E o que se viu na torcida do Fluminense em um domingo de muito sol foram diversas homenagens ao "padroeiro" do Tricolor.
O primeiro tempo do jogo foi de poucas chances para as duas equipes, mas logo no início do segundo tempo Tuta, de penalti, abriu o placar para o Fluminense e a partir daí se viu um baile do Tricolor. Leandro, três minutos depois, ampliou para o Fluminense que via sua torcida agradecer aos céus e ao Papa João Paulo II a grande vitória que estava se concretizando. A torcida do Flamengo estava hipnotizada, em silêncio. O Fluminense dominava a partida e praticamente não sofria com os ataques do Flamengo e aos 25 do segundo tempo Alex ampliou para o Fluminense, 3x0. E aí, novamente 3 minutos depois, quando a torcida rubro-negra já estava indo embora do Maior do Mundo, veio o golpe de misericórdia, e que golpe... o volante Tricolor Preto Casagrande, que havia acabado de entrar em campo, recebeu na intermediária com espaço, arrancou invadindo a área e tentou um chute que bateu na zaga e voltou para ele que rapidamente deu um toque sensacional por cima do goleiro Diego, fazendo o quarto do Fluminense. Um golaço (quer relembrar? Clique aqui)!
No fim da partida, com a goleada já consolidade, o meio-campo tetracampeão do mundo Zinho marcou o gol de honra do Flamengo que viu seu grande rival histórico ir para a final contra o pequeno Volta Redonda e depois ser campeão Carioca pela 30ª vez.
Resolvi escolher essa partida ao invés da final contra o Volta Redonda por considerar que essa foi uma final antecipada, apesar do Flamengo ter sido goleado, vinha de uma boa campanha na Taça Rio e fatalmente seria campeão se passasse pelo Tricolor. Além disso, essa vitória do Fluminense foi com as bênçãos do Papa João Paulo II e a torcida Tricolor proporcionou diversas e bonitas homenagens a ele naquele dia, que começou com a tristeza da perda desse grande nome mas acabou com a alegria da vitória dedicada inteiramente ao Santo Padre. "A benção João de Deus, nosso povo te abraça! Tu vens em missão de paz, sê bem-vindo e abençoa esse povo que te ama!" cantava a plenos pulmões a torcida antes, durante e depois da partida.
Ficha técnica:
Fluminense 4x1 Flamengo
Data: 03/04/2005
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Público: 65.677 pagantes
Juiz: Luiz Antônio Silva dos Santos (RJ)
Gols: Tuta 48' (pen.), Leandro 51', Alex 70', Preto Casagrande 73' (FLU), Zinho 90' (FLA)
FLUMINENSE: Kleber, Gabriel, Igor, Antônio Carlos e Juan; Marcão, Arouca, Diego Souza e Juninho (Preto Casagrande 72'); Leandro (Alex 60') e Tuta (Alan 78'). Técnico: Abel Braga
FLAMENGO: Diego, Ricardo Lopes, Rodrigo Arroz, Fabiano e André Santos (Adrianinho 66'); Da Silva, Jônatas, Júnior (Zinho 55') e Marcos Denner (Geninho 55'); Fellype Gabriel e Dimba. Técnico: Cuca