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sábado, 21 de janeiro de 2012

De Joe Montana a Drew Brees

Restam apenas quatro times na disputa para o Super Bowl XLVI e amanhã só vão restar dois, os EUA vão parar na frente da TV enquanto os Patriots, Giants, Ravens e 49ers jogam todas as suas fichas em busca do sonho do título máximo do Futebol Americano. E a audiência no Brasil deve atingir índices inimagináveis a alguns anos atrás. Quem diria que o país do futebol um dia se renderia ao "football", aquele com as mãos e a bola oval? Pois é, mas esse dia chegou e o Brasil é um dos maiores polos de fãs da NFL do mundo. Mas antes de falar sobre isso vamos aos palpites para as finais de conferência.

No domingo, a partir das 18h, é tempo de parar tudo que está fazendo e sentar na frente da TV para assistir a final da AFC onde o New England Patriots recebe o Baltimore Ravens. O Tom Brady, quarterback do Patriots, é um dos maiores da história da NFL, tem três títulos e sozinho pode vencer essa partida, mas o Ravens é conhecido pela sua fortíssima defesa, logo pode surpreender. Como diria Mr. Michael "Air" Jordan (sim, ele é do basquete, mas essa frase serve para todos os esportes): "Um bom ataque vence jogos. Uma boa defesa vence campeonatos." Então por isso eu aposto em vitória do Ravens, sim, uma aposta arriscada mas acho que o Joe Flacco é um bom QB que junto com o forte ataque terrestre dos bons running backs Ray Rice e Ricky Williams e uma defesa quase impenetrável, vão levar o Baltimore Ravens ao Super Bowl XLVI. Ah, além disso não seria justo o Tom Brady ser casado com a Gisele Bündchen e campeão do Super Bowl, sucesso no trabalho ou no amor, nos dois não dá!
Assim que terminar a final da AFC o show vai continuar com a final da NFC onde o San Francisco 49ers vai receber o New York Giants. Os dois vieram de vitórias sensacionais contra equipes consideradas mais fortes (Saints e Packers) e vão fazer uma partida que tem tudo para entrar para a história. O 49ers é comandado pelo QB Alex Smith cuja carreira na NFL é uma montanha russa. Ele foi draftado como primeira escolha, passou uma temporada inteira fora por contusão depois voltou jogando muito mal e quando tudo indicava que seria dispensado ganhou uma nova chance nessa temporada e voltou ao topo jogando muito e levando o 49ers a essa final de NFC. Já o Giants tem como comandante Eli Manning e todo mundo sabe que a temporada começa para ele em janeiro. Poucos jogadores crescem tanto nos playoffs como Eli. E aí, em quem apostar? A aposta certa seria no 49ers, joga em casa, defesa forte e QB iluminado. Mas quando eu vejo do outro lado o Giants só consigo me lembrar do Super Bowl XLII e a vitória sensacional dos azarões contra o Patriots. E QB iluminado por QB iluminado eu fico com o Giants.
Agora vamos ao crescimento da NFL no Brasil. Eu gosto de futebol americano desde que me entendo por gente. Quando era pequeno sempre fui influenciado pelo meu pai a gostar de basquete que ele jogou, me ensinou a jogar e amar. Mas além de basquete o meu pai sempre gostou de assistir futebol americano então quando eu era criança ele me deu uma bola de futebol americano infantil do 49ers (time que ele torce), boné do 49ers e ainda tinha uma camisa do Giants (curiosamente time que enfrenta o 49ers dele amanhã) e uma do Miami Dolphins, do Dan Marino, que acabou me conquistando e ganhando a minha torcida. Fora isso ainda aumentei minha paixão pelo esporte com os jogos de videogame e acompanhando algumas partidas, principalmente os Super Bowls, pela TV. Então, essa é a história de como eu comecei a gostar da NFL, mas não é uma história normal no Brasil pois não são todos da minha idade que foram influenciados pelo pai, talvez o meu tenha estado a frente do tempo dele. A época dos pais brasileiros influenciarem os filhos a gostar da NFL ainda estar por vir, provavelmente com a minha geração.

Antes de escrever isso eu tive que perguntar para o meu pai como que ele se apaixonou pela bola oval na década de 70 e 80 e ele me disse que a culpa é principalmente do cinema americano, que em muitos filmes mostrava o jogo e gerava a curiosidade da geração dele. Os jornais e revistas também volta e meia noticiavam alguma coisa mas o que introduziu definitivamente a NFL no Brasil foi a transmissão do Super Bowl para o Brasil no começo da década de 90 e o surgimento da ESPN no Brasil, trazendo a transmissão de alguns jogos durante a temporada para o público que contava com TV a cabo. Ídolos como Joe Montana, Dan Marino, Jerry Rice, Troy Aikman, Steve Young e John Elway também se tornaram conhecidos para um pequeno público que começava a se formar no Brasil.
Até que chegamos ao século XXI e a difusão da internet tornou mais acessível a juventude acompanhar os jogos, as temporadas e até mesmo encontrar mais gente que goste para trocar ideias sobre o futebol americano. E com cada vez mais gente acompanhando, mais gente é influenciada a gostar e com isso um novo fenômeno surgiu: as equipes de futebol americano no Brasil. Eu lembro de alguns anos atrás, lá por 2003, acompanhar o surgimento de times de futebol americano nas praias daqui de Niterói e do Rio, logo o Fluminense e o Botafogo entraram nessa onda e tinham equipes e disputavam, se não me engano, um torneio chamado Carioca Bowl. O crescimento do esporte já alcançava um nível que nem o mais xiita "geração coca-cola" imaginava e logo os times sairam das praias e se espalharam pelos campos e cidades. Atualmente temos dois campeonatos brasileiros de futebol americano, equipes por todo Brasil e inclusive jogadores americanos vindo jogar aqui. Torço muito para que cresça cada vez mais o número de praticantes por aqui e surja logo uma liga unificada e organizada, quem sabe alcançando até a TV, como aconteceu na final de uma das ligas que foi transmitida pela ESPN.

A cada transmissão de uma partida da NFL eu sinto o futebol americano mais próximo do Brasil. Claro que ainda existe muito preconceito contra quem gosta, mas eu vejo o futebol americano crescendo em proporções bem parecidas com a do MMA no Brasil.

Para terminar essa análise, eu trouxe um depoimento de um amigo, o William Ferreira (@Will_SPFC no twitter, para todos interessados em seguí-lo), sobre como ele se apaixonou pela bola oval e esse depoimento vai servir como um ótimo contraste ao meu, que como eu disse, foi bem fora do comum.

"Quando eu comecei a ver NFL, entre 2002 e 2003, não haviam muitos atrativos. Haviam vários times para se torcer, mas poucos ídolos para se identificar. A liga se recuperava da queda de rendimento ou da aposentadoria de jogadores como Troy Aikman e John Elway, por exemplo. Eu mesmo comecei a ver o esporte após saber que Adhemar, jogador da bola redonda do São Caetano, quase foi jogar a bola oval naquele esporte louco que a Bandeirantes e a ESPN Internacional transmitiam. Conforme fui vendo, porém, comecei a ver o surgimento dos ídolos popstars de hoje: vi Tom Brady encarnar o sonho americano de ser rejeitado para depois ser multicampeão, vi Peyton Manning levar a palavra "eficiência" para outro patamar, vi Drew Brees surgir como Messias duma franquia sem muitas vitórias e após um momento complicado, vi Eli Manning surgir como jogador decisivo, vi Ben Roehtlisberger aparecer com sua saúde de aço, vi Maurice Jones-Drew carregar um time nas costas... e, conforme esses nomes surgiam, o esporte crescia no Brasil. Acho que brasileiros precisam de ídolos para começar a ver um esporte, vide o MMA, e esses ídolos foram surgindo conforme a ESPN passava a dar mais força para o esporte. Hoje, acho que a paixão por futebol americano (ainda mais em tempos que rodeiam o Super Bowl) chega a níveis jamais imaginados por aqui, e eu não reclamo nem um pouco disso."

Enfim, o Will foi perfeito em sua colocação, principalmente na parte dos ídolos e foi no depoimento dele que eu me inspirei para o título desse post. Infelizmente não tivemos a chance de acompanhar de perto carreiras como de Joe Montana e Dan Marino, mas temos a sorte de acompanhar a NFL em uma época de grandes jogadores como Tom Brady, Peyton Manning, Aaron Rodgers e Drew Brees. Somos privilegiados por isso e por ter a oportunidade de acompanhar de perto esse esporte sensacional.

5 comentários:

  1. Adorei Pedro. Vc só esqueceu de dizer que sua mãe tb assiste e torce pra esse esporte sensacional, influenciada tb por seu pai.
    Bjs

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  2. Belíssimo texto, Pedroca ! E agradeço a chance de falar um pouco do esporte mais emocionante do planeta. \o

    Sobre os jogos, acho que o Giants passa pelos motivos citados - e principalmente na comparação entre o gigante de playoffs Eli Manning com o Alex Smith. Sobre a final da AFC, acho que o fiel da balança vai ser a defesa dos Patriots. Se ela funcionar, o Pats avança. Se não, vai ser um jogo duríssimo, com grandes possibilidades de prorrogação, porque, ao contrário de ti, eu não tenho confiança nenhuma no Joe Flacco. :P

    Vamos ver amanhã... dois jogões !

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  3. ai cara só corrigindo tom brady tem 3 titulos e nao 2 como vc disse la em cima, e se ele for campeao pode igualar joe montanna com 4 na carreira, abraço

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  4. Isso, realmente, fui na minha cabeça e me dei mal hahaha

    Já tá corrigido, amigo. Obrigado!

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  5. Acho que o crescimento do Futebol Americano não se compara nem de perto ao do MMA no país. Nisso discordo veementemente.

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