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sábado, 24 de dezembro de 2011

Teimosia teimosa

Uma das características inerentes aos treinadores de futebol é a teimosia. Parece uma condição prioritária ao camarada que deseja se tornar um comandante. Sim, ele quer muito mais expor e impor sua opinião a todo custo, do que de fato se render ao erro e se entregar à concepção geral. Sabe? Ver o óbvio. Sua teimosia precisa estar ali, nem que seu trabalho seja louvável.

Exemplos temos aos montes. É melhor vencer um campeonato e dizer "Vocês vão ter que me engolir" do que conclamar "Vocês me ajudaram". Falta um pouco de humildade. Talvez a palavra seja sensibilidade para saber que aquele time que você dirige não é só seu. Você está ali, na verdade, representando uma comunidade, uma parcela apaixonada de torcedores. Na seleção, então, a coisa piora. Todas as comunidades se juntam, todos palpitam, todos criticam e elogiam quase ao mesmo tempo. Lazaroni, Parreira, Zagallo, Felipão, Parreira de novo, Dunga, Mano. Claro, sem falar dos outros que passaram de 1990 até aqui. Todos foram criticados. Pragmáticos, Burros, TEIMOSOS, retranqueiros, sem austeridade, incapazes. Quantos adjetivos ouvimos, durante vários versos? É a canção do canarinho que se fosse escrita teria em seu refrão, de algum jeito, encaixando alguma melodia, todos esses xingamentos. No meu modo de ver, seleção é coisa séria. Teria que existir uma comitiva, uma verdadeira grande democracia na hora de se montar uma seleção que vai à Copa do Mundo. Sabe? Estilo plebiscito. Votação pela internet. Tipo, o povo tem direito a escolher três jogadores. Quem sabe uma comitiva de treinadores? É como na matemática. Menos com menos, dá mais. As teimosias conglomeradas viram discussão que provoca reflexão e, em fim, a luz. Nada mais que um devaneio. Mas aceito sugestões. Só que essa coisa de um só decidir tudo é ditatorial, é Estado Novo, é Pinochet, é Hitler, é Kim Jong Il. Aliás, todos esses bem teimosos.

Encerro essa postagem com o último ato de teimosia, talvez um estilo teimosia estranha. A teimosia incoerente de Abel Braga. "Fernando Bob é o melhor segundo volante do Brasil". Melhor do Brasil? Quando ouvi isso, a primeira ideia que tive foi que o jogador participou daquele programa do Rodrigo Faro. Só podia ser. Se não fosse aquilo, nada mais faria sentido. Ele é tão bom que vai para o Atlético-GO ser reserva do Marino, do Pituca, do Agenor e talvez do Róbston. A alegação é que ele precisa de experiência. Oras, se é o melhor do Brasil, há algo de errado. Bob que já jogou em outros times de menor expressão, como o Avaí e Boavista, e foi dispensado de ambos. Esse rapaz para mim é como aquele filme "De volta para o futuro" lembram-se? Com a brilhante atuação de Christopher Lloyd e Michael J Fox. Fernando Bob é o nosso Marty McFly. A impressão que dá no volante é que ele veio de um outro tempo. Pegou aquele carro estilosíssimo do Doutor Brown e saiu por aí, e chegou nesse século XXI. Nossa, que lentidão. Quando olho para ele, parece que estou assistindo uma partida da década de 30. Homens de fraques nas arquibancadas, mulheres com vestidos de gala. Jogadores trajando suas bermudas até o joelho, com as camisas para dentro do calção. Ali vejo o Fernando Bob. Mas o Abel terá uma teimosia maior agora: Seu filho, Fábio, também volante, que acaba de subir para os profissionais do Fluminense. Se o garoto for bom como o pai, os torcedores do Fluminense vão preferir pegar uma carona no carro do doutor Brown e viajar pelo tempo para não partilhar disso.

Muitos dizem que teimosia é sinônimo de personalidade forte. Nada! Teimosia simplesmente é uma burrice disfarçada de convicção. Ter personalidade também é saber admitir, é saber refletir e conseguir enxergar seus erros. A coisa mais bonita da vida é dar o braço torcer e dizer "Olha, eu estava errado, e você certo"

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